Oficinas para facilitar o acesso à arte

Um dos coletivos artísticos mais pulsantes de Goiás, a Nalini Cia de Dança, celebra uma nova fase em 2025 com ações que prometem emocionar, provocar reflexões e democratizar o acesso à arte. Por meio do projeto Manutenção Nalini Cia de Dança, o grupo aprofunda sua atuação com uma programação que une formação, criação, circulação e impacto social. A primeira ação, uma oficina de contato-improvisação, acontece no dia 25/4, 6ª feira, 17h, na sede da Nalini, no Setor Jaó, em Goiânia.

A iniciativa, contemplada pelo Edital de Fomento à Manutenção Continuada de Grupos e Companhias Artísticas (PNAB – nº 16/2024), busca estruturar e dar continuidade ao trabalho da companhia por meio de aulas técnicas regulares, oficinas abertas à comunidade, apresentações gratuitas em escolas públicas e residências artísticas com estudantes da Universidade Federal de Goiás.

Contato, improvisação e inclusão

Como parte da programação formativa do projeto, o público poderá participar da oficina “Dança e Movimento para Todos”, voltada à prática do contato improvisação, uma técnica de dança que se desenvolve a partir do toque, da escuta corporal e da conexão entre dois corpos em movimento. Essa etapa é para quem quer dançar, se descobrir e experimentar o corpo em movimento. Ao todo serão oito oficinas gratuitas, com acesso inclusivo para pessoas com deficiência. As aulas acontecerão sempre na sede da companhia, no Setor Jaó, e são abertas ao público em geral.

A atividade, conduzida pela artista fundadora da Nalini Cia de Dança, Valeska Vaishnavi, propõe um diálogo físico silencioso entre os participantes, utilizando elementos como peso, contrapeso, condução e estímulos sensoriais para criar uma experiência de improvisação consciente.

A proposta é inclusiva e acessível: o formato dialogado e dirigido da aula, aliado ao uso de imagens, gestos e condução corporal, permite a participação de pessoas cegas e surdas, com apoio de intérpretes de Libras durante toda a atividade.

Não é necessário realizar inscrição prévia — basta comparecer ao local com roupas confortáveis e disposição para o encontro sensível com o outro. A classificação indicativa é 14 anos.

“A Morte da Galinha Caipira”: um novo voo sobre o cerrado

Outra das ações previstas no projeto é a criação do espetáculo “A Morte da Galinha Caipira”. Inspirada livremente na icônica cena de A Morte do Cisne, a nova criação da Cia Nalini mergulha em um processo de contracolonização da dança. Se o balé clássico nasceu na Europa, domesticando os corpos populares sob a estética da corte, a Nalini devolve o gesto ao chão da realidade brasileira. E o faz com poesia, crítica e humor.

A Morte da Galinha Caipira será criado a partir de um laboratório criativo que propõe investigar o cotidiano, os estereótipos e a potência dos corpos goianos. O cerrado, suas gentes e danças populares alimentam essa obra que desconstrói padrões e reconstrói identidades. Com duas apresentações gratuitas previstas para novembro no Centro Cultural da UFG, a proposta une arte e ação social: o público será convidado a doar alimentos e materiais de higiene para instituições que acolhem mulheres e idosos em situação de vulnerabilidade.

Residências artísticas: intercâmbio e formação

A companhia também está abrindo suas portas para duas residências artísticas com alunos da UFG — uma com o curso de Dança e outra com o de Teatro. Cada ciclo terá três meses de duração, atendendo 30 jovens artistas que, além de vivenciarem o cotidiano da companhia, receberão ajuda de custo para se dedicarem integralmente à experiência. Para a primeira etapa houve 43 (quarenta e três) inscrições, sendo que 15 (quinze) foi o número de pessoas selecionadas.

Os resultados cênicos serão apresentados no Teatro LACENA, da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG, com acesso gratuito, intérprete de Libras e bate-papo com o público ao final das sessões. Uma oportunidade imperdível para conhecer de perto o processo criativo da nova geração das artes cênicas.

Dança nas escolas e oficinas para todos os corpos

Levando arte onde ela raramente chega, a Nalini realizará apresentações em 18 escolas públicas de regiões periféricas, com adaptações do repertório voltadas a crianças e adolescentes. A ação busca despertar olhares sensíveis desde cedo, sem elitismos nem barreiras.

Arte que pulsa no presente e projeta o futuro

Mais do que um projeto de manutenção, esta nova fase da Cia Nalini afirma o papel da dança como ferramenta de transformação social, educativa e estética. Em cada gesto, um chamado à escuta. Em cada cena, um espelho do Brasil profundo que pulsa longe dos holofotes e se levanta com força no palco da arte.