quarta-feira, 30 de julho de 2025

A Europa não aguenta mais tanto turista

 

Em diversas cidades europeias, o excesso de turistas tem se tornado um desafio cada vez maior, gerando uma série de consequências negativas para os moradores locais, o meio ambiente e a própria experiência turística. Esse fenômeno, conhecido como overtourism, é impulsionado por fatores como o aumento do poder aquisitivo em diversas partes do mundo, a proliferação de companhias aéreas de baixo custo e a popularidade de plataformas de aluguel de curta duração.

 

Neste último domingo, houve manifestações contra o turismo “descontrolado” em várias cidades de Portugal, Itália e Espanha. Os protestos ocorrem às vésperas do verão no hemisfério norte, período em que o número de visitantes na Europa costuma aumentar significativamente. A expectativa para 2025 é de um crescimento de 11% no setor turístico europeu, com faturamento estimado em US$ 838 bilhões — o equivalente a R$ 4,6 trilhões, aproximadamente.

 

Só para se ter uma ideia, no feriado de 1 de maio, a cidade de Sirmione, na Itália, às margens do Lago de Garda, enfrentou um colapso causado pelo turismo de massa. O cenário acendeu o alerta entre seus cerca de 8 mil habitantes. Por lá transitaram nada menos do que 75 mil visitantes, todos em busca de paisagens deslumbrantes e da vista privilegiada do castelo do século XIII, construído sobre uma península que se projeta para dentro do lago.

 

 

Um dos impactos mais visíveis do overtourism é o aumento do custo de vida nas cidades. Com a demanda crescente por acomodações turísticas, os aluguéis sobem, forçando moradores a se mudarem para áreas mais afastadas. Bairros que antes eram residenciais se transformam em verdadeiros “parques temáticos”, com lojas de souvenires e restaurantes voltados para turistas substituindo estabelecimentos que atendiam às necessidades diárias da população local. A perda da autenticidade cultural é outra preocupação, já que a pressão do turismo em massa pode diluir as tradições e o modo de vida original dessas comunidades.

 

O grande fluxo de visitantes também impõe uma pressão insustentável sobre a infraestrutura das cidades. O transporte público fica superlotado, o lixo aumenta exponencialmente e os recursos naturais, como água e energia, são sobrecarregados. Além disso, a degradação de locais históricos e naturais se acelera devido ao desgaste causado pelo tráfego constante de pessoas. Monumentos antigos sofrem com a poluição, e ecossistemas delicados são danificados pela presença excessiva de turistas.

 

Paradoxalmente, o overtourism também pode prejudicar a qualidade da experiência turística. Com atrações lotadas, longas filas e preços inflacionados, a visita pode se tornar estressante e menos prazerosa. A busca por aquela foto perfeita em um ponto turístico icônico muitas vezes se transforma em uma disputa por espaço, tirando o encanto do momento e a possibilidade de uma imersão cultural genuína.

 

Diante desse cenário, diversas cidades europeias estão buscando soluções para mitigar os efeitos do excesso de turistas. Algumas implementam taxas turísticas para arrecadar fundos e investir em infraestrutura e preservação. Outras exploram a regulamentação do aluguel de curta duração para controlar o número de propriedades voltadas para turistas. Há também iniciativas que visam promover o turismo sustentável, incentivando os visitantes a explorarem áreas menos conhecidas e a apoiarem negócios locais. A conscientização dos turistas sobre o impacto de suas viagens também é fundamental para um futuro mais equilibrado.

 

O desafio é encontrar um equilíbrio entre os benefícios econômicos do turismo e a necessidade de proteger o patrimônio cultural, natural e social das cidades europeias.

 

Este post foi escrito por: Britz Lopes

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