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Clet e sua “teimosia criativa” –
Quem já vasculhou todos os cantos e encantos de Florença, deve ter visto as interferências do artista plástico francês Clet (nome de batismo Jean Marie Clet Abraham), pelas ruas da cidade e os emblemáticos spots fotografáveis nas margens do Rio Arno.
Em seu ateliê, na via San Niccolò, ele produz mais que arte; é uma fábrica de polêmica à bessa. Transforma setas de sinais de trânsito em espinha de peixe; coloca David de Michelângelo para segurar um símbolo de contramão e por aí vai.
Sua maior “teimosia criativa”, digamos, é a escultura do Homem Comum, que já lhe rendeu multa no valor de 10 mil Euros, que ele conseguiu anular, e acusações de violar a paisagem urbana por ter sido instalada, sem autorização, na Ponte alle Grazie, uma das que cortam o Arno. Desde 2016 a peça, confeccionada em poliestireno revestida com fibra de vidro, vai e volta para o local. O coro da população em favor da obra tem ajudado Clet a se livrar dos processos.
“Entre mil estátuas de líderes e políticos, esta é uma homenagem ao Homem Comum, um pouco imprudente, mas certamente livre”, resume o artista. Clet diz gostar de vê-lo pronto para um passo em direção ao vazio, num futuro desconhecido. “Há um pouco de todos nós nele”. Em tempo: a escultura, no momento, está instalada na ponte.
A redescoberta das janelas para o vinho
A pandemia do Coronavírus ressuscitou essas simpáticas janelinhas que podem ser vistas por toda a Florença. Elas foram abertas durante a grande peste do século 17, que fez desaparecer um terço da população europeia, para que os bares e restaurantes repassassem por ali os copos de vinho aos clientes, evitando, assim, o contágio, vez que na época também foi adotado o isolamento social. São as conhecidas Buchette Del Vino, que voltaram com honras e glórias durante esta pandemia moderna. São mais de 150 delas em Florença, algumas foram reabertas e agora são canais para o serviço de cafés, petiscos e outros itens do cardápio. Elas, as chamadas boquetas, são tão importantes para a história e cultura italianas que tem até uma associação que mapeia a localização de cada uma. Com pandemia, vá, mas sem vinho não dá!
Amei !