A fé manifesta nos tabernáculos fiorentinos
Andar pelas ruas de Florença para desvendar todos os detalhes que envolvem expressões de cultura e fé do povo italiano requer olhares atentos, dispostos a serem desviados imediatamente do alto das torres e cúpulas para o calçamento secular, onde até os bueiros são personalizados com o giglio, flor símbolo da cidade.
Mas, é no meio do caminho, entre um e outro enquadramento, que estão os tabernáculos – também chamados de sacrários ou oratórios. Eles habitam as esquinas do centro histórico de Florença – e cada um é moradia de imagens sagradas, pintadas ou esculpidas, ali a observar o eterno vai-e-vem das ruas históricas.
A forma de arquitetura religiosa remonta aos tempos romanos, mas se multiplicou nos anos 1200, quando os católicos lutavam contra a heresia, sob a liderança de Pietro da Verona, venerado santo italiano. Sob essas imagens, iluminadas, os florentinos realizavam celebrações religiosas que reuniam os moradores da vizinhança. Também os viajantes pediam proteção sob as bênçãos dos inquilinos dos tabernáculos.
De certa forma, os tabernáculos são uma espécie de street art da época, resguardadas as devidas diferenças. Grande maioria quase sempre tem um afresco e foi pintado por pintores famosos. Assim como as esculturas que retratam santos e a Madona, expressando acontecimentos da então.
O primeiro de todos foi o Tabernáculo do Bargello, representando São Boaventura distribuindo pão aos prisioneiros – que à época não eram mantidos pelo governo, mas pela caridade – e está localizado na Via Ghibellina, na esquina com a Via dell’Acqua. A partir dele, você pode montar um roteiro surpreendente desses detalhes que quase passam batidos pelas ricas ruas florentinas.