Os gigantes do lixo Toscano
Anna Paula Guerra — Viajando de trem ou carro pela Toscana, não raro avistamos pequenos montes com vegetação destoante, mas absolutamente verde e saudável. Embaixo deles estão os aterros sanitários tratados para recompor a paisagem. E é na cidade de Peccioli, província de Pisa, com cerca de 4,8 mil habitantes, que essa transformação é levada muito a sério. Tanto que conquistou a versão 2024 do título de Borgo dei Borghi – tipo o município mais bonito –, em competição promovida pela Rai, a TV italiana.
É que Peccioli se especializou a fazer luxo do lixo ao transformar um dos maiores aterros da região em modelo de sustentabilidade. Depois da eliminação dos resíduos, foram criados dois teatros ao ar livre que acolhem grandes iniciativas culturais. Mas o que mais chama a atenção no ecológico pedaço da Toscana são as gigantescas esculturas em formato de gente chamadas de Presença, que simbolizam a vida que nasce do que seria desperdiçado, já que são elaboradas de material reciclável. Elas estão instaladas em torno do chamado Triângulo Verde, dentro da estação de eliminação e tratamento de resíduos.
A parte nova e o centro histórico da vila estão ligados por um passadiço panorâmico em aço transformado numa autêntica obra de arte por Patrick Tuttofuoco, em 2020. É chamado “Pôr do sol sem fim”. O artista envolveu a passarela de 72 metros de extensão com uma fita contínua de aço inoxidável, que reproduz as cores do pôr-do-sol em alusão à circularidade do tempo.
A cidade também é palco de importantes eventos culturais, como o Festival das Onze Luas, entre outros. Ainda possui um interessante complexo museológico que inclui o Museu Arqueológico, que contém os achados descobertos nas escavações do sítio etrusco de Ortaglia e do sítio medieval de Santa Mustiola di Ghizzano – tanto que a cidade é premiada com a Bandeira Laranja do Touring Club Italiano, concedida aos mais incríveis lugares do país da bota em muitos aspectos. Por essas e outras, deve ir para o seu próximo roteiro, com certeza.