“Existem duas maneiras de ser feliz nesta vida, uma é fazer-se de idiota e a outra é sê-lo”
Hiram Souza – Caros leitores, parodiando Freud, o Brasil atual está exatamente igual ao título acima: ou você fica alheio ao que ocorre em seu entorno e simplesmente vive, ou finge que vive. Aparentemente vivemos em uma democracia, onde os poderes são harmônicos e estão interessados no bem estar do seu povo. Como diria meu avô, aquele que era filósofo no cais do porto em Paranaguá: “É um chiste.”
O povo está levando na esportiva – para aonde não sei –, mas acredito que em breve vai começar a doer nas partes baixas do nosso corpo. Vejamos: ao tomar o café da manhã você lê no editorial da Folha de S. Paulo (4/7/24) um longo artigo recomendando que o STF tenha um código de ética. Deduzo que a Folha de S. Paulo, tradicional veículo de comunicação com pendores canhotos, descobriu que vossas excelências não estão agradando nem aos seus pares.
Quando costumeiramente a sociedade é acusada de não saber votar e por essa razão o Brasil não sai o atoleiro, eu discordo. O brasileiro sabe votar sim, só que o sistema político/eleitoral do país é feito para enganar trouxas. Então, concordo que nos chamem de trouxas; mas que não sabemos votar, não concordo!
Quando na sua antiga cédula e atual tela de computador, o trouxa ou eleitor vê a cara e número de um candidato que nunca viu na vida e nunca vai ver, é porque não existe ligação do eleitor com o candidato. Na real, o sistema todo foi feito e vem sendo aprimorado para que, ao obter o primeiro mandato, o cidadão, se não for burro, desonesto pode ser, mas burro nunca. Será reeleito quantas vezes quiser.
A gente vê diariamente coisas sem nenhum sentido. Dia desses, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente da nossa Suprema Corte, foi para a China, país comunista, de fortíssima repressão, sem nenhuma garantia individual, para discutir “melhoras para o Judiciário”. Só pode ser brincadeira paga com dinheiro público. Afinal, para ir à China dá para fazer escalas em Madri, Paris, Londres etc. Então sou obrigado a concordar com o que Freud explica: Quer ser feliz? Faça-se de idiota!
O charmoso evento que a imprensa apelidou de “Gilmarpalooza”, realizado em Lisboa, não teria causado tamanha comoção se de fato fosse só um evento jurídico internacional, mas essa mesma imprensa não descobriu um único jurista internacional, um advogado que fosse, ou pelo menos um aspirante. Nada!
Mas, lá estavam os colegas do ministro Gilmar: ministros do governo, 30 parlamentares entre deputados e senadores, 12 ministros do Superior Tribunal de Justiça, 5 ministros do Superior Tribunal Eleitoral, 9 governadores, os presidentes do Senado e da Câmara.
Como dizem os nossos amigos de Florianópolis “a gritaceira” foi tão grande que os ministros Edson Fachin e Carmen Lúcia se apressaram em dizer que: “embora convidados, não iriam”. No mesmo caminho seguiram outras autoridades que, por senso de responsabilidade ou até porque leram Freud, abdicaram dessa gostosa e gratuita estada no verão europeu.
Gratuita para eles, já que para o povinho resta pagar a conta. Agora, o que me chamou a atenção foi a presença de um grupo grande de empresários que representaram 12 empresas com “problemas” junto ao STF. Já que não eram advogados, estudantes de direito ou pretendentes à certidão da OAB. Afinal, foram fazer o quê? Sei não, tem gente com hábitos tão estranhos!
Ilustra o artigo: foto de Filipe Ferreira, do espetáculo português Os Idiotas, com texto de Miguel Castro Caldas.