A mentira tem pernas curtas coisa nenhuma
Hiram Souza – Meus amigos, amigas, leitores por acidente e os fãs de carteirinha! Finalmente foi descoberto o golpe de 4.9 bilhões de reais que vem sendo aplicado no seu bolso, no meu bolso e no bolso de todos os brasileiros, não importando se você é rico, classe média ou luta para sobreviver.
Dos impostos escorchantes quer todos pagamos é que sai o tal fundo eleitoral. Que segundo “eles” tem por objetivo aprimorar a democracia e equilibrar as forças entre os candidatos. Para ficar claro, entenda por “eles” o sistema que decide eleições nos gabinetes, antes do dia da eleição propriamente dita. Segundo eles, o fundo eleitoral foi criado para evitar que só os ricos ou milionários fossem eleitos, tirando dos candidatos sem recursos a possibilidade de eleição. BALELA. Após as eleições municipais, descobrimos que o fundo eleitoral foi criado com o objetivo de desviar legalmente dinheiro público.
As últimas eleições, independente do resultado final no dia 27 de outubro, deixaram claro que não precisa de dinheiro público, aliás nem de muito dinheiro. Foi o que ficou claro para todos que acompanharam o recente processo eleitoral. A prefeitura da cidade de São Paulo foi objeto da disputa entre 10 candidatos, coisa que só a imbecil legislação eleitoral brasileira permite. A cidade, com um enorme orçamento de 111 bilhões teve de tudo, candidato que nunca ninguém ouviu falar, teve gente de esquerda, meio esquerda, centro esquerda, artista e até gente com ideias estranhas – aliás parecia armação de time de futebol – tinha também gente de direita, meio direita, centro direita e o estranho Pablo Marçal, que com suas posições um tanto diferentes do que estamos acostumados, quase foi para o segundo turno levando cadeiradas, mas sem nenhum tostão de dinheiro público.
Considerando ainda que os dois candidatos que estão no segundo turno levaram uma montanha de dinheiro público, Ricardo Nunes, atual prefeito, ficou com uma bolada de R$ 44 milhões e gastou 41. Já o adversário apadrinhado pelo presidente Lula, deputado Guilherme Boulos, recebeu perto de R$ 75 milhões e gastou 46.
Mas aconteceu que o candidato Pablo Marçal sem um tostão de dinheiro público ficou com 1/3 dos votos dos paulistanos e deu um baita susto no sistema. A diferença de Boulos para Marçal foi de apenas 0,93%. Um com aproximadamente 75 milhões de dinheiro público e o outro nada, zero. Pra mim fica claro que não é o dinheiro público que faz a diferença.
Mas para referendar a minha opinião que não é o dinheiro público que faz o candidato, ainda temos o caso da candidata à prefeitura de Curitiba, Cristina Graeml: com um partido nanico, sem estrutura de campanha e principalmente sem dinheiro público, chegou ao segundo turno assustando o sistema. O sistema, aquele que sempre pretende decidir a eleição nos gabinetes, longe das urnas.
O seu adversário, Eduardo Pimentel, ótimo rapaz, bem formado, de tradicional família paranaense, com 8 anos de treinamento como vice-prefeito, recebeu do fundo partidário algo em torno de R$ 11 milhões e gastou 10,4. Entendam, não estou aqui discutindo posições ideológicas. No segundo turno temos candidatos de centro e de direita. Até porque a esquerda ficou pelo caminho. O candidato apoiado pelo PT foi uma decepção e Roberto Requião, dito amigo do Lula, foi avisado que é melhor ficar em casa pintando cavalos ou cuidando dos netos.
Estou discutindo dinheiro público jogado no lixo eleitoral. A jornalista Cristina Graeml, com pouca gente, segundo ela cerca de 200 pessoas que lhe ajudaram a montar um plano de gestão, com estrutura de campanha próxima de zero, sem recursos público, mas apesar dessa pobreza vai disputar o segundo turno gastando apenas R$ 6.197,00.
É logico isso? Faz sentido na cabeça de alguém que a diferença estapafúrdia de recursos entre as candidaturas tanto em São Paulo quanto em Curitiba eleja alguém? Não! Não é o dinheiro público jorrando que elege alguém. Não chegamos ainda no fim da batalha eleitoral, mas o resultado até aqui prova que o tal fundo eleitoral é uma balela para enganar os trouxas, ou seja, nós.
Parabéns pelo texto esclarecedor e bem escrito ! É uma pena que poucos, entre muitos, tenham acesso a esse tipo de esclarecimento.