quinta-feira, 21 de novembro de 2024

A Inteligência Artificial e o carimbo real

 

Britz Lopes — Impressionante como sofro com a digestão de tarefas que não domino, mas tenho de cumprir. Preencher formulários! Parece simples, mas é a coisa mais complicada do mundo – seja físico ou online. Vai sempre faltar algum detalhe que você não sabe o que é ou não tem o número, ou falta uma informação. Então, quando tenho uma demanda, perco noites de sono e, às vezes, a fé na minha capacidade de enxergar o que supostamente está debaixo do nariz.

 

Já deixei de usar sala vip de aeroporto, tendo direito, porque me faltava um código que eu não tinha; a senha não bastava. Pior quando se trata de burocracia. Dia desses fui a três unidades da Caixa Econômica conseguir uma tal certidão e sempre vinha a pergunta-chave para a qual eu nunca estou preparada: “Mas e o número disso”… Para tomar posse do documento impresso em meia folha de papel, na quarta tentativa tive de ensaiar um choro de desespero e, em cinco minutos, saí de lá com tudo resolvido. Tá bom que chantagem emocional não é bacana, mas como fica o meu emocional? O da Flávia Torres está muito bem, agradeço por ela.

 

E as contradições monumentais? No mundo virtual tudo muda na velocidade da luz, enquanto que na vida real ainda existe o carimbo! Sim! Aquele da almofada, só que agora ela vem embutida. Mais: a companhia telefônica não atende ao telefone; tem de ir no app. Que saco! Não faço nada sem instalar um maldito app – e meu aparelho virou uma Broadway de tantos ícones brilhantes. Vejam como foi na pandemia: todos trabalhavam em home office, mas o atendimento era reduzido. Ora, se o cidadão não tinha o serviço presencial, por que cargas d´água o virtual estava cortado pela metade?

 

Bons eram os tempos em que a gente tinha um telefone pesado, com fio em espiral robusto, pelo qual fofocávamos horas com as meninas. Também pesquisava preço, fazia reclamação. Que delícia era o hoje vintage aparelho! Tenho várias edições dessa relíquia deliciosa da qual tenho saudades, inclusive uma que meu pai usava, com o fio generoso que me permitia andar por alguns metros.

 

É o seguinte: quando decoramos todas as respostas, eles mudam as perguntas, como disse meu amigo excelente de tiradas Marco Antônio Chuahy. Nem me desapeguei de meus telefones com longos fios cacheados e tenho de entrar no metaverso, entender de Inteligência Artificial – que, aliás, me fez uma versão gorda e pretendo dar-lhe uma surra na real. Preciso de um chá de camomila! Me esqueci: detesto chá. Que jeito dar nisso?

Este post foi escrito por: Britz Lopes

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9 comentários em "A Inteligência Artificial e o carimbo real"

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