terça-feira, 26 de agosto de 2025

A Terceira Guerra já começou

 

Hiram Souza – Dia desses, recebi um vídeo do professor HOC, achei a abordagem dele interessante e fui pesquisar para saber mais quem é o professor HOC – na realidade são as iniciais do nome de Heni Ozi Cukier. Descobri que é jovem, 44 anos, cientista político, professor, palestrante bem-informado sobre assuntos econômicos e no vídeo ele afirma que: “Em todos os momentos de crise, o mundo compra letras do tesouro americano; sempre foi assim desde Bretton Woods”.

 

Para quem não se lembra, o acordo de Bretton Woods, realizado entre 1 e 22 de julho de 1944, reuniu 44 países e foi onde definiram-se as regras para o sistema monetário internacional no pós-guerra. Nesse encontro decidiu-se pela criação do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e iniciou-se a formatação da ONU, que se concretizou em 1945. Todos os fatos ainda sob impacto do fim da Segunda Guerra Mundial e das consequências das vidas perdidas.

 

Voltando ao vídeo do professor HOC. Ele comenta que os maiores credores de letras do tesouro americano, onde o mundo se abriga em momentos de crise o “Treasury Bills” ou simples “T Bills” na linguagem dos profissionais, são: o Japão com US$ 1,130 trilhões de TBills, a China com US$ 9,05 trilhões e lá pelo 15º lugar aparece o Brasil com 208,4 bilhões.

 

Segundo o professor, as letras estão espalhadas pelo mundo e os americanos, governo, empresas, fundos de pensão, são investidores. Warren Buffet, por exemplo, tem mais títulos do tesouro americano do que o próprio Federal Reserve. No mais, são cidadãos americanos que detém 25% dos TBills no mundo. O que me chamou atenção no vídeo é que o professor afirma que o Japão passou de comprador a vendedor dos TBills americanos e a China, outrora compradora, também passou a vender. Como qualquer produto com excesso de oferta acaba sendo desvalorizado, os TBills também estão perdendo valor.

 

O presidente Trump vai quebrar a maior economia do mundo livre? Aparentemente não. Há uma versão que confronta a teoria do professor HOC, que afirma que Trump está dando um golpe de mestre, aproveitando o estado de insegurança nos mercados mundiais para recomprar os títulos da dívida americana. Isso sem contar o resultado espetacular no caixa do governo com o acréscimo das tarifas de tudo que entra no mercado americano.

 

Não tem passado um único dia em que o presidente não faça declarações sobre a entrada de receitas. “Estamos recebendo muito dinheiro, muito mais dinheiro do que o país já viu”, declarou Trump. No que ele está certo: com o acréscimo inicial de 10% sobre quase tudo que entra no país, o governo arrecadou quase US$ 30 bilhões em receita tarifária só no mês de julho, segundo o Departamento do Tesouro. Desde abril, quando o governo começou a política de tarifaço, já faturou US$ 100 bilhões em receitas, três vezes mais que o mesmo período do ano passado.

 

Em outra declaração, o presidente disse: “O objetivo do que estou fazendo é principalmente pagar a dívida, o que acontecerá em grande quantidade”. E, seguindo o seu estilo mitológico, disse ainda: “ Acho que estamos arrecadando tanto dinheiro que talvez seja possível distribuir dividendos ao povo americano”. Essa aparente loucura, de devolver cheques de reembolso aos contribuintes americanos, foi endossada pelo senador Democrata Josh Hawlei, que já apresentou um projeto de lei nesse sentido.

Mas, segundo Ernie Tedeschi, diretor de economia do Budget Lab da Universidade de Yale, uma das mais conceituadas universidades de economia dos Estados Unidos, “Essa é uma política errada.” Por outro lado, grandes empresas americanas, como Walmart e Procter & Gamble, já estão alertando sobre o aumento eminente de preços, o que deverá levar a inflação a patamares mais altos, dificultando a vida do cidadão americano. Onde essa guerra vai acabar, honestamente não sei, mas a quarta guerra mundial, como disse Albert Einstein, deve ser travada com paus e pedras.

 

Este post foi escrito por: Hiram Souza

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