A vaca está no brejo
Hiram Souza – Claramente as coisas vão de mal a pior: inflação subindo, dólar idem. Estamos indo para a quinta semana sem que haja uma definição para os cortes de gastos e o Presidente faz de conta que está enfrentando a situação. Ou baba na gravata ou está no modelo Biden de reação.
Os ministros escolhidos a dedo para as chamadas “áreas sociais”: Carlos Lupi, da Previdência, Luiz Marinho, do Trabalho, e Wellington Dias, da Assistência Social, esses três em especial, dizem que não admitem cortes em suas áreas.
Esse tipo de reação deve ter sido combinada, afinal, o Lula não quer cortar nada, quer apenas bater bumbo para a imprensa repercutir, como se dizia antigamente, “só para inglês ver”. Ouvi ele dizer no noticiário da Band sobre corte de gastos que “O mercado só diz bobagens eu já venci o mercado e vou vencer de novo”. Como de costume, no mesmo padrão muito modesto do batedor de bumbo.
Com a eleição do Trump nos Estados Unidos, tem sido muito discutida que a grande diferença pró-Trump foi graças aos que têm e os que não têm diploma. Quem tem votou no Trump e quem não tem, votou na Kamala. No fundo a discussão é muito antiga e versa sobre as políticas paternalistas dos Democratas e a visão de empreendedorismo dos Republicanos.
Na verdade, essa discussão sobre ter ou não diploma me fez investigar os nossos presidentes do extremo Sul. Descobri um fato interessante: os únicos que não cursaram universidades são as duas carroças que temos no Brasil e na Venezuela. Na Argentina temos Javier Milei, formado e pós-graduado em Economia. No Uruguai temos Luís Alberto Lacalle Pol, formado em Direito. No Paraguai, Santiago Peña, formado em Economia. No Chile, Gabriel Boric, bacharel em Direito, que se criou na política como líder universitário.
No Brasil, nosso presidente se orgulha de nunca ter lido um livro e de ter vindo do Nordeste de pau de arara; na Venezuela, o Maduro começou como motorista de ônibus e acabou dirigindo o carro do comandante Chávez. Acho que é por isso que os dois têm paixão por petróleo.
Caros leitores. Eu não sei aonde esse caminhar vai nos levar, mas já que estamos falando da Venezuela, quero lembrá-los que por lá as coisas começaram exatamente do jeito que as nossas instituições estão repetindo por aqui. Na Venezuela, primeiro cooptaram as FAA para garantir que não houvesse insurgências e para mostrar “força”; depois o Superior Tribunal Federal, para garantir “legalidade e justiça” e, por fim, o Congresso, para mostrar para a imprensa internacional que o “povo está a favor” do governo.
Eu estou seguindo a mesma linha de raciocínio que foi seguida na Venezuela. Se aqui vai dar cerro? Tenho minhas dúvidas. Por mais carnavalesco que o povo seja, acho que tem um limite para as arbitrariedades que vêm sendo cometidas. Com os milicos, pelo início do desprezo pelos valores caros para eles, incluindo o soldo.
Para a justiça, embora esteja ocorrendo um salve-se quem puder, de vendas de sentenças por desembargadores, ainda há uma justiça que se respeita e que respeita a sociedade. Quanto ao Congresso, é impossível comprar todos durante todo o tempo.
Embora o mais recente liberto pelo ministro Gilmar Mendes, o Zé Dirceu, tenha dito que: “Tomar o poder é diferente de ganhar eleição”, acho sim que eles estão tentando, sim, tomar o poder sem eleição.