As gravatas italianas e o lobo-guará
Conversando com um amigo, executivo de finanças desde que se conhece por gente, portentoso diria eu, para falar sobre os números que manuseia, disse-me em segredo que vendeu suas gravatas italianas.
Nunca ouvira falar sobre comércio tão íntimo. Gravatas, para homens, devem ser “tipo assim” como sandálias para mulheres. Tenho algumas que deveriam estar na minha sala, em vez de estarem enclausuradas no meu closet. Vendê-las seria um sacrilégio para mim…. uma dispersão da minha personalidade.
Uma linda sandália diz sobre poder…
Talvez a mesma coisa que gravatas italianas deveriam dizer.
Não perguntei ao desengravatado quanto apurou na venda, até porque o que interessa aqui para o momento seja o ato. Contudo, não sei porquê, o fruto dessa venda me remeteu às notas de R$ 200,00.
Nunca verei as gravatas vendidas. Talvez assim como nunca vi uma nota de 200. Sim…nunca vi, ouso confessar. E você, já viu?
Chapelin diria: “Onde vivem, com quem vivem, para que servem”.
Esse é o mote.
Para que servem as notas de 200? Disse o Banco Central quando fez a publicidade sobre o “novo dinheiro” que a procura por notas aumentou consideravelmente e o lobo-guará, representante do cerrado, iria suprir a demanda.
Enquanto já existe cotação para espaço de loja no Metaverso, o BACEN quer algo palpável. Uma nostalgia cara, é verdade, mas uma nostalgia. Tal e qual a nostalgia que sentiremos pela ausência das gravatas italianas.
Em tempo: gravatas estão em desuso?