Buzzi, o arquiteto que foi uma espécie de Dalí da Umbria
Uma obra de Salvador Dali incrustada na paisagem da Úmbria, na Itália. É La Scarzuola, conhecida como Cidade Ideal, a poucos quilômetros do município de Montegabbione. O cenário, pra falar pouco, é louco, misterioso, encantador, único e mistura diferentes obras arquitetônicas de diversas áreas e épocas.
Antigamente, o local era um convento franciscano e, segundo reza a tradição, o mosteiro foi fundado e serviu de morada para ninguém menos santo que São Francisco de Assis. Foi em 1956 que o visionário arquiteto, artista, inventor, desenhista, paisagista, design e restaurador milanês, Tomaso Buzzi, adquiriu o lugar e deu início ao projeto diferentoso que se tornaria La Scarzuola, uma cidade definida por ele como “Um remédio capaz de provocar graves efeitos colaterais”.
Tomaso era uma mistura de Salvador Dali e Leonardo da Vinci das construções, também letrado na cultura e literatura. Ele próprio morou no convento, em 1956, lugar que despertou o gênio que o habitava. As obras idealizadas por ele não deixam dúvidas de sua genialidade. Há escadas que se projetam em todas as direções, desproporção deliberada e alguns “monstros”. Fantasia e espiritualidade fundem-se neste local que precisa ser muito bem observado e explorado. Dizem por lá que o lugar sagrado de São Francisco de Assis é hoje a cidade profana de Buzzi. Será?
De genial e louco, Buzzi tinha um bocado de tudo. Até o ano de sua morte, em 1981, ele se dedicou a planejar a sua Cidade Ideal, levantando por lá sete teatros, uma acrópole, símbolos secretos, jardins, além de outras atrações, tudo inspirado em construções de eras passadas. O itinerário fantástico é formado por construções evocativas de experiências e imagens que por anos inspiraram Buzzi, como a Villa Adrian e a Villa d’Este, os jardins de Bomarzo, a Acrópole, o Coliseu, o Panteão, o Partenon, a Torre dos Ventos, o Templo de Vesta, a Torre do Relógio de Mântua e as Pirâmides. Muita história e inspiração secular num único local.
Hoje, La Scarzuola tem outro dono: Marco Solari, que entendeu a mente inquieta e genial de Buzzi e definiu sua obra como a “Desordem e imaginação que dominam a área”. No entendimento dele, o arquiteto surreal “Realizou tudo o que não podia fazer no mundo real”.
Para se chegar ao planeta louco de Buzzi partindo de Roma, de carro, é 1h45 minutos; de trem, 1h53 e de ônibus, 2h2 minutos, lembrando que nas duas últimas opções é preciso pegar um táxi ou carro alugado em Orvieto Scalo. Para visitar as “alucinações arquitetônicas” é preciso agendar. O preço é 10 Euros.