segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Carnaval com vinho, mas sem enochatices

Lembro-me bem quando, em Goiânia, tiveram início as degustações de vinho, com todo aquele arsenal de traquitanas-acessórias, discursos sobre harmonização, falatório intenso sobre as regiões produtoras e os tipos de uva. Cheira daqui, sente aroma distraído ali e nunca chegava a hora de levar o copo à boca! Quanto sofrimento quando se estava em busca apenas de prazer fugaz!

De lá pra cá, muita coisa mudou! Os enochatos se multiplicaram e complicaram ainda mais a coisa que já não era fácil para os que só queriam beber vinho. Mas, para socorro dos enquadrados nesta última categoria, a popularização do líquido de Baco obrigou os entendidos a fazerem traduções livres, digamos. E a nossa vida melhorou muito.

Deixe a conversa profunda sobre vinho para os que estudaram o assunto; entenda que nem sempre o mais caro é o melhor. Filho de libanês com brasileira, Tarik Mikhayel é sommelier pela ABS de São Paulo e criou um canal no Instagram (@davinhaaogole)para praticar a  desmistificação, ajudar bebedores contumazes a comprar melhor, seguindo a máxima do surrado binômio custo-benefício. E dicas simples para não confundir o paladar. Todos os meses ele disponibiliza uma lista com seleção de rótulos com os preços mais camaradas do mercado.

Harmonização simplificada

Ela raramente será perfeita, mas há regras mínimas a serem seguidas. Pense em não combinar determinado prato com um rótulo específico, e sim com um estilo de vinho. A harmonização é feita por similaridade, tipo acidez – salada com vinagre com vinho branco, por exemplo, ou por contraste – queijo azul com vinho do Porto.

Resumo da ópera: acidez combina com gordura e salgado; tanino, com gordura animal.  Corpo, com suculência. Daí é perguntar para o entendido de plantão o que vai dar certo com a coxinha pré-carnavalesca, ver que rótulo se enquadra no seu orçamento e ser feliz sem culpa e sem criar confusão com as papilas gustativas.

Dicas de aquisições do Empório Sírio Libanês

Pacheca Rosé (Tinta Roriz e Tinta Barroca), da região portuguesa do Douro, revela uma leve cor rosa salmão com notas de fruta vermelha no aroma, como a framboesa. Na boca apresenta-se com uma acidez notável, o que lhe confere frescor. Vinho ideal para ser servido como aperitivo ou em acompanhamento de pratos de peixe, sushi ou saladas.

Monsaraz Reserva DOC Alentejo, Portugal (uvas Alicante Bouschet, Trincadeira, Touriga Nacional). Apresenta aromas de frutos pretos maduros, como amoras e ameixas, com notas de especiarias. Na boca, possui grande complexidade aromática, mineralidade e persistência. Amadurecimento em barricas de carvalho francês e americano por 12 meses.

Tuzko Pinot Grigio, Turquia – Notas de pêssegos brancos, sensações cítricas e leves notas de peras e especiarias. Na boca é delicado, muito fácil de beber. As uvas foram colhidas nos melhores vinhedos nas áreas de Mocsény e Bátaapáti e imediatamente levadas para a adega. A fermentação alcoólica ocorre em tanques de aço inoxidável a uma temperatura abaixo de 16 graus celsius. Combina perfeitamente com carnes brancas, peixes e saladas.

 

Foto principal: Quinta da Pacheca

Fotos dos vinhos: Empório Sírio Libanês

 

 

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

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5 comentários em "Carnaval com vinho, mas sem enochatices"

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