Com jeito de gente grande
BBNews Entrevista
A cidade de Piracanjuba exporta para o Brasil mais que belas orquídeas e sabores da terra, vendidos nas margens da rodovia. A cidade, que recebeu parte da comunidade libanesa que veio para o Brasil ainda no século 20, também é berço de um talento, de 28 anos, que já conseguiu conquistar nada menos que a bancada do maior telejornal do país. Foi no Jornal Nacional, da Rede Globo, que o jornalista Matheus Ribeiro foi lançado ao Brasil. Um sonho que começou a ser construído aos 9 anos de idade, quando pediu de presente ao Papai Noel uma câmera filmadora. Vai dizer que o talento não é nato? É impregnado!
Aos 20 anos teve de deixar a barba crescer para parecer mais velho e passar credibilidade na telinha. Foi mais por charme, já que credibilidade sempre teve de sobra. Basta trocar dois minutos de conversa com ele para entender que Matheus transita bem em qualquer assunto que esteja em evidência. E não pede arrego quando o papo passeia pela história e geografia de um tempo remoto. Uma qualidade para ter todo esse carisma? Matheus sabe ouvir. E sabe filtrar tudo para aproveitar qualquer ensinamento que saia dos outros. Até as críticas servem para se aprimorar. E isso serviu também para que os olhos do jovem jornalista brilhassem para a vida política.
E a política sempre esteve latente. Trabalhou como jornalista em campanhas políticas e conheceu os bastidores. Foi na artéria. Na jugular! Aprendeu, ensinou, se emocionou, se cansou e teve decepções… O tempo mostrou que a voz dele já não é apenas dele. Resolveu estudar. Mais. E a cabeça se abriu para um propósito, dezenas de assuntos, centenas de dados, milhares de razões e milhões de goianos. Milhões que já o viram na TV e ouviram a sua voz. Uma voz que agora quer dar um tom diferente à política brasileira. Negociações em andamento…
BBNs Entrevista – Quem foi e quem é Matheus Ribeiro?
Eu fui uma criança sonhadora, criada com muito amor em Piracanjuba, que adorava desmontar eletrônicos, brincar de repórter, discursar e frequentar comício político. Filho da dona Kátia, professora de escola pública, e do seu Noron, agricultor. Na casa da minha avó, dona Aninha, passei boa parte da minha infância. Com os três, aprendi os valores fundamentais que me conduzem na vida: o trabalho, a honestidade e a educação. Isso me fez quem sou hoje: um jornalista inquieto, um cidadão preocupado com o mundo à sua volta e, principalmente, um homem em busca de felicidade.
BBNs Entrevista – Perrengues no início da carreira…
Comecei a trabalhar em TV muito jovem, aos 18 anos. Foi difícil conquistar a confiança de colegas e chefes. A barba que uso até hoje veio nessa época, como forma de parecer um pouco mais velho. Os perrengues da reportagem – do tipo fazer coletiva no Palácio das Esmeraldas cheio de lama porque a pauta anterior era rua sem asfalto e estava chovendo – sempre me divertiram.
BBNs Entrevista – Como e por que se tornou tão popular na TV tão rápido?
Sempre quis ter uma identidade própria e o melhor caminho que encontrei para isso foi ser eu mesmo. Tenho orgulho das minhas origens, da minha terra, do meu sotaque, da nossa cultura… Acho que isso me conectou de uma forma diferente com o público. Não sei se isso é ser “tão popular”, mas me faz um bem danado receber o carinho das pessoas que me acompanham.
BBNs Entrevista – Com menos de 30 anos, quem já comandou a bancada do maior jornal do país, o JN, ainda tem pretensões profissionais?
Em mais de 70 anos de TV no Brasil, o telejornalismo pouco se reinventou. A fórmula off / sonora / passagem ainda é regra para as reportagens de TV, exploramos pouco a capacidade do telespectador de interagir com os produtos e estamos perdendo a briga para formatos nativos do digital, que também são informativos. Minhas pretensões profissionais estão voltadas à construção de novos produtos e linguagens que permitam ao jornalismo cumprir seu papel social: levar ao público informação de qualidade, para que esta seja matéria-prima para uma visão crítica e transformadora da sociedade.
BBNs Entrevista – Vai trocar também rápido o jornalismo pela política? Por quê?
A política sempre foi uma paixão. A política, aquela da qual todos nós precisamos, não a politicagem. Tenho vontade de me candidatar, de contribuir com a sociedade de uma forma diferente, com mais poder de ação do que o jornalismo pode oferecer. Não tenho políticos na família, não sou rico, não tenho padrinhos e muito menos disposição para negociatas. Se seguir por esse caminho, será por preocupação com o momento que vivemos no país e por plena convicção dos meus propósitos enquanto cidadão.
BBNs Entrevista – O que pode fazer diferente?
A minha origem e o meu trabalho me fazem conhecer de perto os problemas reais das pessoas. As dificuldades, angústias e preocupações da nossa gente mais pobre, que só é lembrada pelos políticos, de modo geral, porque pode votar. O período que passei em Brasília me mostrou como o centro do poder é distante da realidade. Caso venha a me candidatar e receber a confiança dos eleitores, quero trabalhar contra o principal problema que temos no Brasil e que é o cerne dos desafios que enfrentamos na educação, na saúde, na violência: a desigualdade social. Precisamos construir uma agenda de ações de curto, médio e longo prazos para, de fato, darmos a milhões de brasileiros as condições necessárias para que tenham comida na mesa, trabalho digno, educação de qualidade e a esperança de melhorarem de vida.
BBNs Entrevista – Onde a política brasileira peca e onde acerta?
Nós temos uma democracia extremamente jovem e que precisa ser aprimorada, não atacada. Este é, portanto, nosso principal pecado: acreditarmos que as soluções para um país continental, com desafios estruturais e seculares, virão de um salvador da pátria. É a partir dessa visão distorcida que não reforçamos nossas instituições, que não criamos mecanismos eficazes para o combate à corrupção, que não repudiamos com a veemência necessária todo e qualquer preconceito, que não temos uma agenda para o Brasil dos próximos 100 anos. Conjugo em primeira pessoa do plural porque essa é uma responsabilidade coletiva. E é justamente aí que vejo nossa possibilidade de acerto: mesmo aos solavancos, estamos num momento histórico em que a tecnologia, as redes sociais e as novas formas de comunicação dão vez e voz a cidadãos comuns, imbuídos de propósitos genuínos, dispostos a buscar soluções para esse Brasil real. Eu me incluo nesse grupo.
Fotos: Bruno Karim
Sensacioanal, ficou este relato que você fez sobre a carreira do Mateus é de família que fala? rsrsrsrsr este talento do domínio da escrita e da simpatia. Parabéns RIMENE AMARAL
Parabéns Rimene, excelente matéria, sem ser piegas !! Parabéns ao Matheus e que continue assim, sem perder a essência.