segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Estamos voltando ao passado?

 

 

Já faz algum tempo, mais especificamente em outubro do ano passado, logo ali na boca das urnas confiáveis, que o STE colocou à nossa disposição, que chamei a atenção para o que atualmente já começamos ver. O consórcio de imprensa começa devagarinho a descer da canoa da turma do “fazueli.” O Estadão, por ser historicamente mais equilibrado, está sendo o primeiro a descer. A Folha ainda está tentando matar o que restou do Bolsonaro e seus familiares, o UOL está buscando defeitos, e de, um modo geral, os que esperavam “um outro governante” estão quebrando a cara porque estamos vendo mais do mesmo velho e conhecido. Considerando os números oficiais do nosso STE, aquele das urnas, o atual presidente foi eleito com 60.8% dos votos válidos; isso quer dizer que mais da metade da população eleitoral ativa votou nas mudanças prometidas. Não estou falando de picanha e cerveja, estou falando das mudanças estruturais, comportamentais e sociais prometidas aos berros, nos inflamados discursos de campanha.

 

Do ponto do ponto vista da proposta de mudança de rumos, temos o seguinte: estruturalmente voltamos a ter o maior grupo de investigados, semi-condenados ou simplesmente envolvidos com a justiça. E como diria um antigo comedor de mamona, todos envolvidos em maracutaias. Mais da metade do grupo que administra o País tem algum problema com a justiça. Se ela, a Justiça, é tida e aceita como cega, surda e muda, queríamos o quê? Para ser claro, do pondo de vista estrutural, o País está andando para trás. Temos um presidente que não concorda em ter um Banco Central independente, como é no mundo todo com ótimo resultado. Precisa avisar o eleito que o Banco Central não tem dinheiro, apenas cuida da política monetária. E é bom que fique independente para evitar que políticas populistas assumam seu comando, transformando-o em “uma bobagem”, como discursou recentemente o ocupante do Planalto.

 

O caminho que está sendo desenhado vai tentando mudar fatos consumados, como a distribuição de dividendos feita pela Petrobras. Estão distribuindo muito dinheiro? Talvez, mas são regras definidas já há algum tempo, lembrando que, além dos acionistas nacionais, temos também acionistas estrangeiros que colocaram seu dinheiro aqui. À época todos aceitaram esse dinheiro. Então, bom é lembrar, que não se muda a regra do jogo no meio do próprio. É perigoso, gera intranquilidade aqui e fora, e além do mais, hoje somos grandes exportadores e nossa economia está atrelada à economia global.

 

Reconheço que o eleito anteriormente dizia muita bobagem, mas o atual, pelo pouco tempo no cargo, está se superando. Não dá para fazer bravatas e depois ter de pagar na justiça internacional como aconteceu anteriormente. Não querendo me alongar muito, no aspecto “estrutural”, ainda temos alguns retrocessos mais graves, como a proposta feita pelo eleito de rediscutir a reforma trabalhista. Fora a insanidade que isso representa, ainda viria a entulhar a já entupida ou estúpida justiça brasileira.

 

Do ponto de vista comportamental, estamos vendo o estilo PT de governar com a sua habitual gangorra. No evento preço dos combustíveis, o pescoço (melhor que outras partes né?) que ficou na berlinda foi o do Haddad que, por conhecer bem os seus parceiros de partido, colocou a Simone Tebet e o Alexandre Silveira no gabinete do eleito para dividir as responsabilidades; saiu-se bem. Mas o pagador de impostos que vive fora das estruturas governamentais já está sentindo o novo preço dos combustíveis que, por sua vez, vai se reproduzir nas feiras, supermercados, transportes etc, etc.

 

O custo de vida vai aumentar e logo logo a população entender que não vai ter picanha e cerveja para todos, até porque o catador de latinhas, assim como dona Maria com o filho no colo que pede esmolas ali na esquina, agora já têm celulares. E como não ficam mais na dependência no JN, vão perguntar: “Mas onde foi parar a minha picanha?” Atenção pagadores de impostos: a leviandade das promessas eleitorais feitas nos debates foi de uma irresponsabilidade nunca antes vista na televisão brasileira. Aliás, a pergunta continua sendo: mas que País é esse?

 

Ainda falando de comportamento, lembro que temos um ministro das comunicações, deputado Juscelino Filho, que provavelmente embevecido com a importância do cargo, requereu avião da FAB para ir dar lances em leilão das suas crias. Com 37 ministérios, número necessário para acomodar os partidos apoiadores da sua campanha, sempre vai ter um ou outro que vai estragar a festa de seriedade que o governo propôs em seus discursos. Sei não, acho que não vai dar, pois dizem que o cachimbo faz boca torta. Dos 37 ministérios, 12 enfrentam problemas com a justiça, aquela mesma que é, por conveniência, surda, cega e muda.

 

E para encerrar, temos o caso na ministra do turismo que traz para o governo um histórico de envolvimento com as milícias cariocas, um tipo de justiça e polícia privada e que, até hoje, o carioca não sabe a serviço de quem eles operam. A “todes” os leitores “fazueli” aí, porque a parte pior ainda está por vir.

 

Hiram Souza é empresário, marqueteiro de longa data, aos 80 anos de jornada o que permite ter uma janela holística para o mundo. Com leve humor escreve sobre assuntos ligados à política, comportamento, educação e brasilidade

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Este post foi escrito por: Hiram Souza

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