sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Luis Carlos celebra 50 anos de colunismo social

 

Ele estreou como colunista social por acaso; conquistou espaço rápido e se tornou o mais querido jornalista a reportar os acontecimentos da alta sociedade goiana – também deu “furos” na política. Luis Carlos de Moraes Rodrigues completa hoje, dia 19 de dezembro, 50 anos de colunismo social cercado de grandes amigos que conquistou ao longo de sua bela jornada. Foi estrela principal de memoráveis festas e protagonizou várias outras para arrecadar fundos para obras sociais que apóia. Elegante até o último fio de cabelo bem alinhado, não freqüenta tanto como antigamente, mas vive cercado de bom gosto em seu apartamento com piso de madeira, cheio de tapetes certificados, porcelanas raras e obras de arte. Arrependimento, não tem. Saudades? Dos pais, do irmão e do uísque com gelo.  

 

BBNews Entrevista – Luis Carlos, como tudo começou?

 

Luis Carlos – Eu fui almoçar no Hotel Bandeirantes. Tinha 20 anos. Lá encontrei com Fernando Perillo e ele me falou que estava indo se encontrar com o João da Paixão, que ia lançar um jornal, chamado Jornal de Goiás, e achava que eu poderia ser o colunista social. Eu disse que não sabia fazer isso e ele respondeu que eu havia nascido para isso. Daí o João me convidou para escrever. Era mês de dezembro. Em maio eu fui ao lançamento do livro Espelho Fosco, que a Laila Navarrete lançou lá no Bandeirantes. Me encontrei com o Gabriel Nascente que me disse que o Batista Custódio queria me conhecer. Eu me encontrei com ele, que me propôs escrever no Cinco de Março; me daria uma página. Voltei pra casa e fui pensar. Conversei com a minha mãe e ela disse que a escolha era minha. Daí voltei lá no jornal. Quando eu cheguei fui convidado a entrar. Estava lá o doutor Samir Helou, de quem fiquei muito amigo. Batista me perguntou quanto eu queria ganhar e eu falei: o mesmo que a Laila. Só que ela ganhava R$ 540 e eu R$ 3 mil como funcionário da público da Carta Escolar do Estado de Goiás.Tinha carro para me apanhar e tudo. Mas, deixei o emprego e fui faturar para ter uma renda melhor.

 

 

BBNews Entrevista – Como aconteceu o seu entrosamento com a alta sociedade?

 

Luis Carlos – O Arturzinho Jardim me apresentou a prima dele, Lúcia Perez, que foi me apresentando outras pessoas. Conheci a maravilhosa Eugênia de Pina, que me perguntou de onde eu era. Quando eu respondi que era de Palmeiras ela disse: “Achei que você era um quatrocentão paulista. Ficamos amigos – pra mim ela foi a mulher mais glamourosa de Goiás. Daí fui ficando amigo de muita gente bacana, ganhava muitos presentes e a coisa foi se consolidando. Em 74 lancei a lista das 10 mais elegantes, que era liderada por Solange Santos. Fui um sucesso tremendo.

 

 

BBNews Entrevista – Antigamente tinha isso né? Você acha que o glamour acabou?

 

Luis Carlos – Eu costumo dizer que na década de 1990 a sociedade ficou doente, em 2010 ela entrou em coma em 2015 ela morreu. Hoje tem muito novo rico; o dinheiro mudou de mão. Aparecem pessoas que você nunca ouviu falar, não eram ninguém e estão aí agora pendurados em grifes internacionais. Da autêntica sociedade mesmo, sobrou muito pouca gente.

 

BBNews Entrevista – Então, qual o perfil de uma figura da alta sociedade?

 

Luis Carlos – São pessoas que são o que são, sem precisar forçar a barra; gente com muita educação. O dinheiro é importante, mas não é tudo. É ter elegância para passar despercebido numa estação de metrô, poder usar uma roupa de departamento e estar chique. É ter bom gosto, que é mais importante do que dinheiro. E para isso tudo não é preciso ter nascido em berço de ouro. Tem de ter nascido numa família estruturada e ser bem educada.

 

 

BBNews Entrevista – As novas gerações não puxaram a tradição de elegância dos avós e dos pais?

 

Luis Carlos – Não herdaram a elegância. Antigamente as mulheres tocavam piano, se vestiam muito melhor. Como minha mãe, que era muito elegante, estava sempre de luvas nos casamento; o sapato combinando com a bolsa e cabelo impecável. Ela me ensinou a estar sempre bem alinhado. Eu aprendi muito com ela, inclusive a ser caridoso.

 

BBNews Entrevista – O que mais você aprendeu com ela?

 

Luis Carlos – A ser positivo e falar logo na cara das pessoas o que deve ser dito; não fico enrolando. Ela também me deu educação e me ensinou a ser refinado sem forçar nada. Outro dia entrei em um restaurante que ainda não estava servindo, mas o garçom não falou nada porque me achou muito refinado, apesar da minha barriga.

 

BBNews Entrevista – E houve perrengues nesses 50 anos?

 

Luis Carlos – Eu nunca fiz inimizades, mas muitos fizeram comigo por causa de alguma nota. É que sou muito franco. Mas eu sou espírita e relevo tudo isso. Então, considero que não tenho inimigos. Acho que sou bem quisto e as pessoas me ajudam muito nas minhas ações solidárias.

 

BBNews Entrevista – E as festas? Você ainda as frequenta?

 

Luis Carlos – Eu estou com 70 anos, minha filha, cansado. Uma hora a gente cansa. Eu gostava de ir às festas para tomar meu uísque, hoje não posso mais. Eu odeio tomar cerveja à noite, minha bebida era mesmo o uísque – não sou muito de vinho, gosto de destilado. Hoje eu escolho bem aonde ir; sou o primeiro a chegar e o primeiro a sair. Antigamente eu ia, ficava namorando. Agora ninguém quer velho mais.

 

 

BBNews Entrevista – Nesse 50 anos você coleciona arrependimentos?

 

Luis Carlos – Ter fechado o meu buffet e o restaurante. Trabalhei muito, ganhei dinheiro, mas poderia ter ficado mais. No mais, nada. Viajei muito, namorei muito. Saía daqui para ir a uma festa em São Paulo e voltar no outro dia.

 

BBNews Entrevista – E as saudades?

 

Luis Carlos – Tenho saudades dos velhos tempos de glamour, mas saudades mesmo tenho do meu pai, da minha mãe, que vivia dia e noite com ela, e do meu irmão. Tive uma infância muito linda e saudável lá em Palmeiras

 

BBNews Entrevista – Você acha que as pessoas se vestem melhor ou pior do que se vestiam antigamente?

 

Luis Carlos – Ah, muito pior. Dia desses eu cheguei na casa de uma amiga e ela me recebeu de calça rasgada; eu não acreditei. Eu acho essa moda horrível. Com o nosso calor, bastava um vestido bem cortado e um sapato – prefiro sapatos a sandálias – e uma bolsa bonita de couro. Pronto!

 

 

BBNews Entrevista – Mas as pessoas gostam de ostentar né?

 

Luis Carlos – Demais. E isso é brega de lascar. As mulheres chegam a uma festa e jogam na mesa a bolsa Dior com a fivela para cima para mostrar a marca. Dia desses liguei para uma amiga que perdeu um parente e estava muito triste. Comentei de tê-la visto usando uma bolsa linda. A dor passou na hora. E outra, as pessoas com dinheiro às vezes moram num casarão, mas não tem uma peça de arte que valha a pena, nada. Eu tenho um armário recheado com porcelanas borrão, que valem mais de R$ 100 mil, mas tem gente que prefere um pratinho de R$ 200 para pendurar na parede. Tem gente que decora a casa para ficar parecendo loja. Não tem um quadro do Cícero Dias, do Di Cavalcanti e poderia ter. E os arquitetos não orientam. Pra mim, a grande profissional era Violeta Carrara, um ícone da decoração de bom gosto.

 

 

BBNews Entrevista – Qual você considera seu grande furo jornalístico?

 

Luis Carlos – Eu acho que foi o anúncio de que Índio Artiaga ia ser o prefeito de Goiânia. Ninguém acreditava. Minha coluna foi muito comentada.

 

 

BBNews Entrevista – Luis, você ganhou – e ainda ganha – muito presente, né?

 

Luis Carlos – Nossa, já ganhei demais. Teve um aniversário que falei pra minha mãe que não aguentava mais abrir presentes. Só camisas eram oito. Já ganhei reais e dólares em envelopes, quadros. Me mandavam escolher terno nas lojas bacanas… E não pagava em lojas, boates e restaurantes. Bebia e comia a noite toda sem gastar um centavo. Mas eu faço questão de pagar.

 

BBNews Entrevista – Hoje as boates, assim como os restaurantes chiques, acabaram né?

 

Luis Carlos – Todos. Perguntei a um amigo onde encontrar um restaurante chique e ele disse para eu pegar um táxi, ir para o aeroporto, descer em São Paulo ou Rio.

 

BBNews Entrevista – Algum conselho para a vida?

 

Luis Carlos – Se você tem dinheiro e não tem educação ou traquejo, contrate alguém para te lapidar, ensinar a ser educado e gentil. Vai ser o melhor investimento da vida.

 

 

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

6 comentários em "Luis Carlos celebra 50 anos de colunismo social"

  • Avatar Sonea stival disse:

    Marcou época com galhardia! 👏👏👏

  • Avatar Fausi Humberto disse:

    Meu padrinho! Ainda peguei um bom tempo do colunismo com ele brilhando! Aprendi muito com esse maestro do verdadeiro colunismo social! Parabéns!

  • Anna Paula Guerra Anna Paula Guerra disse:

    Ahhhh ,ele é o Nivaldo , marcaram meu ser !!! Adorava ir para Numbers One com os dois !! A gente dançava o tempo todo e Luís Carlos com o copo de Wuisque na mão sem deixar cair uma gota 😂😂😂

  • Avatar Tia Cida disse:

    Adorei a simpatia e elegância dessa entrevista! Marcou época! Parabéns TIA Britz !!!! ❤

  • Avatar Carmen Jungmann disse:

    Adorei. LC sempre elegante e polido sem perder a sinceridade. Muito sagaz.

  • Cármen Lúcia Leite Cármen Lúcia Leite disse:

    O Luis Carlos sempre foi elegante, educado…realmente adorei a entrevista, me sinto parecida com ele. Alias autenticidade é TUDO.Respostas sabias, e perguntas inteligentes..
    Palmassss🤗👏👏👏

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