Malas sem alça
O que era doce expectativa virou gosto amargo na boca, ou melhor, no bolso do consumidor.
Quando a Câmara dos Deputados votou pela franquia do despacho de bagagem no transporte aéreo comercial, vimos ali uma chance de que enfim, alguém entendeu o que aconteceu lá em 2017. Guiada pelo lobby das aéreas, a Anac- Agência Nacional de Aviação Civil – publicou uma resolução que permitia às companhias cobrarem pelo despacho de bagagem, sob argumento de que as passagens teriam seus preços reduzidos, e que seria um ótimo argumento para que companhias internacionais voltadas ao “low cost” se interessassem em voar no Brasil.
Não sei de quem partiu esse raciocínio, mas por certo ele foi absolutamente equivocado. Nos meses seguintes à resolução, as passagens deram um salto, acumulando quase 16% de aumento. De lá para cá, o aumento mais que dobrou. As “low cost” não se interessaram pela insegurança brasileira e muito menos pela carga tributária excessiva e o passageiro aéreo ficou no prejuízo. Prejuízo acentuado por uma ITA – não me canso de relembrar esse caso, que, permitidas suas operações pela mesma Anac, enganou diretamente mais de 300 mil brasileiros.
Assim, embora tenhamos por um curto período de tempo sonhado que levaríamos bagagem sem pagar pelo despacho, o Governo Federal já acenava em desacordo com esse refrigério. Outro posicionamento equivocado. Deixamos de sonhar com essa pequena economia enquanto alguém sonha ainda que cias internacionais se arriscariam a vir trabalhar em um Brasil de raciocínio lento e medíocre.