segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Morre o maestro da diplomacia

 

Herbert Moraes — Poucos diplomatas americanos foram tão celebrados quanto Henry Kissinger, o homem que pensou o mundo como o conhecemos hoje. Henry chegou à América em 1938. Era judeu e, junto com sua família, conseguiu escapar do nazismo. Tinha apenas 15 anos.

 

Curiosamente, guardou o sentimento de refugiado, mantendo o sotaque que trouxe da Baviera, e fazia questão que fosse perceptível em seus discursos. O primeiro foi em Harvard, quando recebeu da Instituição o “suma cum laude”, a maior das honras. De lá, saiu PhD em diplomacia e logo em seguida foi nomeado secretário de Segurança Nacional e secretário de Estado dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford. Nunca mais deixou a Casa Branca.

 

 

O Chanceler viveu cem anos e morreu lúcido. Lucidez que deu a ele o título de o “Oráculo” da política internacional americana. Foi o conselheiro oficial em geopolítica dos últimos 12 presidentes dos EUA.

 

Há 50 anos, Kissinger recebeu o Prêmio Nobel da Paz por costurar um acordo controverso que levou ao fim a guerra do Vietnã. Era um estrategista nato, habilidade que levou a América ao estabelecimento da Realpolitik, quando o país deu uma guinada diplomática e as relações de poder passaram a ter mais peso aos interesses nacionais do que, por exemplo, priorizar a garantia dos direitos-humanos nos países invadidos, direta ou indiretamente, pelo imperialismo americano. Acabou se opondo à corrente idealista que reivindicava a diplomacia moral.

 

Sempre polêmico, Henry apoiou a invasão americana ao Iraque em 2003, mas arrependeu-se alegando ter se equivocado. Num de seus últimos atos, chamou atenção do ex-presidente Donald Trump, publicamente, por acirrar a disputa comercial com a China, o que poderia levar a uma disputa devastadora.

 

Foi com a compreensão de um erudita da história diplomática que de John F. Kennedy a Joe Biden, Henry Kissinger conseguiu moldar todas as relações globais que tocou. Foi venerado por uns e condenado por outros, mas agora, com seu desaparecimento, entra para História com o título do maestro que conduziu o mundo à Nova Ordem Mundial. Foi Kissinger que orquestrou todo século 20.

 

POST ESCRITO PELO JORNALISTA HERBERT MORAES

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

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1 comentários em "Morre o maestro da diplomacia"

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