Não fosse uma denúncia, o Brasil estaria numa enrascada histórica
Herbert Moraes — O governo brasileiro estaria prestes a enfrentar o Exército americano para salvar Nicolás Maduro e se meter numa enrascada histórica. A denúncia é da Revista Defesanet, que revelou um suposto plano secreto do Brasil para retirar Maduro, alguns generais e familiares da Venezuela pelo Exército brasileiro através da Operação Imeri. Segundo a reportagem, desde que navios militares americano aportaram na costa venezuelana, despachos sigilosos passaram a circular no Itamaraty, e a palavra Imeri passou a ser sussurrada pelos corredores do Ministério de Relações Exteriores. Imeri é o nome da serra onde fica a fronteira mais inóspita entre Brasil e Venezuela.
A operação, que desde o dia 26 deixou de ser secreta, teria sido concebida após o cerco progressivo do governo americano contra o narcoterrorismo na América Latina, que, no começo deste mês, enviou ao sul do Caribe (leia-se Venezuela) três destroyers de mísseis guiados, um contingente de 4 mil militares, além de um submarino nuclear.
Anunciada pelo presidente Donald Trump de que se tratava de uma guerra contra o narcotráfico, o recado tinha alvo certo: o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro: os Estados Unidos, sob nova direção, não aceitarão que o cartel de los Soles, disfarçado de governo venezuelano, transforme o país na principal plataforma de exportação de cocaína para a América do Norte e Europa.
Já faz algum tempo que Nicolás Maduro é classificado em Washington como o líder de uma rede criminosa ligada diretamente ao Cartel de Sinaloa, no México, e ao exército paramilitar venezuelano Tren de Aragua. A recompensa pela captura do ditador já ultrapassa 50 milhões de dólares – mesmo patamar reservado para os líderes do terrorismo global como Osama Bin Laden, da Al Qaeda, e Abu Bakar Al Bagdad do ISIS, ambos eliminados pelo Exército americano. Ao colocar a cabeça de Maduro a prêmio, os Estados Unidos reforçam a ideia de que não se trata apenas de um ditador, mas de um criminoso internacional que deve ser neutralizado.
A presença real da Marinha e do Exército dos Estados Unidos em águas internacionais, mas à vista do ditador, expôs a fragilidade do regime de Caracas. Maduro iniciou uma série de pronunciamentos oficiais questionando a soberania do país, mobilizou quatro milhões de milicianos, urgiu que os civis se armassem contra o “invasor” e acionou o sistema de defesa presenteado pela Rússia há alguns anos em troca de petróleo. Ao mesmo tempo, ordenou que um plano de contingência fosse elaborado pela FANB (Fuerza Armada Nacional Bolivariana) que pudesse enfrentar os Estados Unidos no caso de uma invasão.
Ao povo venezuelano, o ditador propaga o discurso chavista da luta contra o “imperialismo” a fim de mascarar o colapso do regime que não se sustenta nem mesmo em seu principal pilar: as Forças Armadas. Os militares já entenderam que não há como manter um governo sem legitimidade internacional, criminoso e narcoterrorista.
O cenário desfavorável para Maduro reverberou em Brasília e foi assim que um plano secreto para salvar o ditador passou ser, meticulosamente, elaborado no último andar do Itamaraty. As primeiras conversas entre o chanceler Mauro Vieira e seu colega venezuelano Yván Gil, de acordo com a denúncia, acontecerem na semana passada, mais precisamente nos dias 21 e 22 de agosto, em Bogotá, num encontro paralelo durante a cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica, quando os dois ministros, em conversas escusas e extra-oficiais, mas sob a mediação de assessores militares, trataram do plano para salvar Maduro e sua cúpula, que, uma vez em território brasileiro, ficariam sob a custódia do Brasil para que não caíssem nas mãos de grupos de resistência, do Comando do Sul ou até mesmo dos americanos.
O plano
A revista Defesanet revela que foram acordados entre o Ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o chanceler venezuelano, Yván Gil, dois planos de resgate. Um de caráter ostensivo que contaria com a mobilização do porta-helicópteros Multipropósito Atlântico, fragatas da classe Niterói, além do navio doca-Bahia. A frota receberia o apoio do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais e do Grupamento de Mergulhadores de Combate a fim de estabelecer um corredor marítimo que garantisse a fuga do ditador. De acordo com a Constituição Federal, para enviar tropas ao exterior em operações de combate, é preciso o aval do Congresso Nacional, mas há uma manobra política que seria usada pelo governo ao classificar a operação como um exercício militar em águas internacionais.
O outro plano, engendrado em Bogotá, seria mais audacioso. Digno dos filmes de 007, a manobra seria justificada como “humanitária” e teria como destaque o uso da aeronave da Força Aérea Brasileira, KC-390 Millenium, o mesmo cargueiro que há alguns meses levou a primeira-dama, Janja Lula da Silva num voo solitário e altamente suspeito para o leste Europeu com destino final em Moscou, na Rússia.
A aeronave sairia da Base Aérea de Anápolis levando a bordo um grupo de Operações Especiais com a missão de infiltrar-se a partir da Amazônia em território venezuelano, tomando de assalto uma pista previamente selecionada para que KC 390 pudesse tocar o solo em velocidade reduzida, mas sem interrupção do pouso a fim de permitir que Maduro fosse colocado no cargueiro e imediatamente levantasse voo em direção ao Brasil com destino à Base Aérea de Boa Vista, em Roraima, onde o ditador ficaria sob vigilância permanente do Estado brasileiro.
Mas o plano “infalível” de Mauro, Vieira e Yván Gil entrou no radar do Serviço de Inteligência americano, leia-se CIA, ainda em Bogotá, que mapeou com precisão o mapa que colocaria o Brasil na mira do Exército dos Estados Unidos e Lula na berlinda. Assim que o chanceler brasileiro retornou ao Brasil, o plano tupiniquim para resgatar o narcotraficante Nicolás Maduro foi colocado à Marinha e Aeronáutica, mas os militares reagiram de forma negativa a essa possibilidade digna de um país de bananas e se recusaram a envolver o Brasil com o regime venezuelano.
Segundo a revista, em nota, o Ministério da Defesa negou a elaboração de qualquer tipo de plano para resgatar Nicolás Maduro da Venezuela. O Ministério de Relações Exteriores disse também, em nota, que os dois ministros trataram de diversos assuntos durante o encontro, entre eles a questão de segurança regional e que um plano de fuga para Maduro, patrocinado pelas Forças Armadas do Brasil, nunca esteve na agenda de conversação entre Mauro e Gil.
Texto do jornalista Herbert Moraes, originalmente publicado no Jornal Opção