O caos da República Piratininga
São Sebastião do Rio de Janeiro, julho de 1892.
Sra. Editora,
Espero que essas minguadas linhas vos encontre bem e que a Espanha esteja agradando vosso coração. Por certo vosmecê tem colhido aqui e acolá percepções sobre nossa nova República e o desandar desse país brasileiro.
Pois sim!
Eis que as coisas são como estão postas e as más línguas, parecem-me, não são tão ruins assim… é o caos, senhora. Instalou-se o caos na República de Piratininga. Veja bem, ponha tento: a quem serviu a deposição da coroa? Quais foram os interesses senão sangrar os cofres guarani?
Acá o custo de viver anda pela hora da morte.
O Centro da Capital, antes Corte Imperial, tornou-se verdadeiro horror com a quantidade de alforriados sem emprego, vivendo de esmolas e embriagados de cana fermentada, dormindo ao léu. Uma lástima.
Mas, já se vê um ou outro, antes senhor de posses, com roupas esfarrapadas e bens, todos eles, penhorados pelo Banco do Brasil.
O dinheiro sumiu.
Se não sumiu, está para além de bem escondido.
A cidade, senhora, fede!
Já não há prazer em visitar o Centro.
Melhor que vossa viagem seja prolongada.
Despeço-me sem novidades que possam alegrar vossos dias.
Assino somente como
Sinhá