quinta-feira, 21 de novembro de 2024

O soldado de Israel que faz música sobre paz e amor

 

Marcio Fernandes – No front das Colinas do Golan, Norte de Israel, o músico e religioso Daniel Hadad, 25 anos, está em guerra contra o terrorismo islâmico. Como reservista do IDF (Israel Defense Forces), foi convocado para atuar na artilharia que mira os alvos do Hezbollah, grupo terrorista sustentado pelo Irã e baseado no Sul do Líbano. Por enquanto, Daniel deixou a função do trabalho voluntário que faz em alguns lugares do planeta para difundir, entre a sua comunidade, os valores e costumes do judaísmo, a exemplo da administração da Sinagoga Slat el Azama, em Marrakesh, Marrocos. Nesta entrevista, concedida em inglês, com algumas palavras em português e hebraico, o guitarrista e pianista, compositor de músicas que falam de amor, espera que o fim da guerra contra o Hamas traga tempos de paz para Israel. Não é para menos, pois há 16 anos ele olha para céu de Ashkelon e em vez de estrelas o que vê são os mísseis do Hamas.

 

Marcio FernandesVocê está hoje nas Colinas do Golan?

Daniel Hadad – Não, agora eu estou em minha casa em Ashkelon, Sul de Israel, de folga do front. Estamos no feriado de Hanukkah.

 

Marcio FernandesMas você está na linha Norte de defesa de Israel como reservista do IDF?

Daniel Hadad – Sim. O serviço militar em Israel é obrigatório. Eu servi quando tinha 20 anos. Em caso de guerra todos nós somos combatentes, então eu fui convocado como reservista na função de artilharia para a qual eu fui treinado. Nossa função no Golan é proteger Israel dos ataques terroristas do Hezbollah desde o Sul do Líbano. Quando o grupo terrorista nos ataca nós respondemos de acordo com a estratégia militar definida.

 

Marcio FernandesComo você sente o andamento da Guerra contra o Hamas? Está se aproximando do fim ou ainda vai levar muito tempo para derrotar o grupo terrorista?

Daniel Hadad – Ninguém é capaz de responder isso agora. Eu estava trabalhando como voluntário no Marrocos e após cinco dias do atentado de 7 de Outubro já estava em combate. O povo de Israel quer viver em paz. No Marrocos eu tenho bons amigos árabes. Eu não combato o povo árabe, mas o terrorismo do Hamas e do Hezbollhah. Eu me sinto muito triste com isso tudo e penso que a guerra não vai acabar agora, pois pode ser que aconteça uma nova frente contra o Hezbollah. Depende deles, neste momento, saber se querem guerra ou paz com Israel.

 

Daniel registra o momento do disparo de um míssil desde as Colinas do Golan

 

Marcio FernandesQual é o sentimento do povo de Israel após o massacre de 7 de Outubro que provocou a morte de 1,2 mil pessoas em poucas horas?

Daniel Hadad – O país continua consternado, mas se sentindo melhor, pois naquele 7 de Outubro ninguém entendeu direito o que estava acontecendo. Eu, por exemplo, perdi dois amigos em Ashkelon, minha cidade. Tenho amigos na linha de frente em Gaza. Eu me sinto péssimo por eles. O que todos sentem é que se isso não acabar agora, não vai acabar no futuro, porque o Hamas não para de atacar Israel. A maioria dos palestinos quer paz com Israel, mas o Hamas prefere o caminho oposto.

 

Marcio FernandesAshkelon está muito próxima da Cidade de Gaza (21 km) e tem sido alvo dos bombardeios do Hamas há 16 anos. Como é viver sob intensa tensão e risco?

Daniel Hadad – Exatamente, os sistemáticos ataques aéreos do Hamas têm acontecido nos últimos 16 anos. Agora, o massacre que ocorreu em 7 de Outubro foi completamente diferente. Antes eles nos diziam que o Hamas lançava foguetes e mísseis sobre Ashkelon, mas a situação estava sob controle. As coisas mudaram, pois o que houve foi um massacre de milhares de inocentes em poucas horas. Esta foi a primeira vez que o Hamas atacou as pessoas em suas casas em uma invasão do nosso território por terra. É uma outra situação. Não só foram assassinadas milhares de pessoas, como também mais de 200 foram feitas reféns. Mesmo em relação às outras guerras contra o Hamas, a situação é diferente. Além de combater o grupo terrorista no território inimigo, o IDF tem de pensar nos reféns. O alvo de Israel são os terroristas do Hamas, não a população de Gaza.

 

O soldado do IDF em combate contra o Hezbollah

 

Marcio FernandesVocê acredita que haverá condição para um acordo de paz entre Israel e palestinos após a guerra?

Daniel Hadad – Nós acreditamos na paz. Se você quiser eu posso te enviar um monte de música feita em Israel que fala sobre a paz. Em todas as guerras entre Israel e os países árabes foram eles que começaram as hostilidades. Nós nos defendemos e vencemos. A maioria dos palestinos quer a paz com Israel, mas eles não podem dizer o que pensam, pois são controlados por um grupo terrorista que pratica o terror contra seu próprio povo. O Hamas controla dois milhões de pessoas que são ensinadas a matar o povo judeu. Temos muito a caminhar neste sentido, mas é claro que eu tenho esperança da paz e nós rezamos por isso.

 

Marcio FernandesComo o povo de Israel reage ao antissemitismo que está se espalhando pelo todo mundo, inclusive no Brasil, que nem sabe direito do que se trata, mas entra na onda?

Daniel Hadad – O antissemitismo sempre esteve presente no mundo ocidental. Em passado recente na Alemanha ocorreu o extermínio de seis milhões de judeus. O que eu posso dizer sobre o antissemitismo depois do recente Holocausto? O antissemitismo de agora é uma nova forma de discriminação do povo judeu, mas eu fico feliz quando vejo o novo presidente da Argentina nos manifestar apoio. Para nós tudo isso é muito doloroso. É muito fácil você gostar ou odiar o povo judeu.

 

Marcio FernandesAntes de ir para o front, qual era o seu trabalho em Israel?

Daniel Hadad – Eu trabalhava como freelancer de segurança de turistas que visitavam Israel por conta da minha experiência no exército. Também trabalhava como voluntário de assistência religiosa na América do Sul, inclusive fiz um trabalho no Peru. Antes da guerra, como te disse, estava no Marrocos fazendo o mesmo trabalho. Em Israel, depois de servir as forças armadas, há a tradição de você trabalhar, ganhar algum dinheiro e viajar pelo mundo. Eu faço trabalho voluntário em grupo de ajuda do povo judeu em qualquer lugar do mundo. Eu estudei na Yeshivá (escola de judaísmo) no passado e tenho muita informação sobre a história do povo judeu. O que eu fiz no Peru foi ensinar o povo judeu a rezar, a praticar a comida kasher e cultivar nossos feriados religiosos. Eu estava no Marrocos, entre outras coisas, ensinando hebreu aos árabes e acabei socorrendo as pessoas durante aquele terremoto, especialmente no suporte com alimentação. Eles estavam vivendo uma tragédia, espalhados nas ruas e não tinham o que comer.

 

Marcio FernandesVocê é um músico profissional ou amador?

Daniel Hadad – Eu sou profissional. Tenho um estúdio em casa para gravar minhas músicas. Eu componho músicas sobre o amor e coisas relacionadas a isso. Eu toco guitarra e piano. Depois vou te enviar pelo WhatsApp.

 

Marcio FernandesVocê gosta de tocar rock and roll?

Daniel Hadad – Eu toco rock, mas eu gosto de tocar música clássica.

 

Em dia de folga do front, Daniel comemora o Hanukkah com a família

Este post foi escrito por: Marcio Fernandes

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

9 comentários em "O soldado de Israel que faz música sobre paz e amor"

  • Noemy Faria disse:

    Adorei a entrevista com o Daniel Haddad. Moço culto, talentoso, amoroso e principalmente, muito humilde. Característica de grandes gênios. Uma pena a situação atual.

  • Refael mesika disse:

    אלוף האלופים דניאל חדד אח יקר וצדיק אין ספק שמכונך לגדולות

    Tradução: Campeão dos Campeões Daniel Haddad querido e íntegro irmão, não há dúvida de que você está destinado à grandeza

  • Daniel hadad disse:

    Obrigado pelo privilégio de fazer uma entrevista com você Marcio foi uma experiência muito feliz muito obrigado🇧🇷🇮🇱

  • Marcio Fernandes disse:

    ENTREVISTA CENSURADA
    Ontem, o WhatsApp considerou que a veiculação da entrevista feriu os termos éticos do app. Em decorrência do fato, minha conta foi bloqueada e suspensa por 8 horas. Só tenho a dizer que fiz corretamente meu papel de jornalista profissional. A opinião do entrevistado foi reproduzida fielmente sem essa bobagem de relativizar narrativas ou contextualizar conceitos. O nome para isso é censura digital protagonizada por manipulador de algoritmo com complexo antissemita e retardado. Deveria convidar o pessoal que sobrou do Hamas para se hospedar em sua casa em ação humanitária natalina. Vá cantar música de Papai Noel para terrorista e servir suco de groselha com farofa de granada aos convidados do bem.

    • Flavio luis dos Reis disse:

      Excelente entrevista Márcio, ele disse exatamente o que eu já sabia, com exceção da afirmação que a maioria do povo palestino não quer a guerra, mas explica que eles são ensinados a matar judeus pelos radicais, ou seja, pelo que entendi há uma maioria de palestinos mais experientes, racionais e menos emocionais e que têm consciência da necessidade da busca pela paz, admiro os povos judeu e árabe, que aliás são primos do dizer da Bíblia, por todo o bem que fizeram à humanidade, especialmente na matemática, na astronomia, na ciência e na literatura, esse radicalismo não se justifica mais nos tempos modernos; por fim quero me solidarizar com você quanto à censura digital dessas redes, isso não é democrático e vem a cercear nossas ideias, fui censurado duas vezes, uma porque citei Xi Jinping e a outra porque citei George Soros, o engraçado é que eles falam o tempo todo em atacar países, assassinando milhares de pessoas e/ou em destruir economias para aumentar seu poder e fica por isso mesmo, e nós nem podemos criticar a má índole desse seres.

      • MARCIO FERNANDES disse:

        Prezado Flávio, o teu comentário é perfeito e muito inteligente. Infelizmente o patrulhamento ideológico, imbecil por sinal, é global e veio para ficar.

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