quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Os florentinos querem Florença de volta

 

Anna Paula Guerra, correspondente na Itália – Se no período imediatamente posterior à pandemia a Europa abriu os braços para recuperar o turista quarentenado – afinal, o turismo é a principal fonte de renda do continente –, atualmente o cidadão viajante é quase persona non grata. É que eles são muitos, milhares, de todas as partes do mundo, a tornar as ruas das cidades históricas intransitáveis e chegam até mesmo a “expulsar” os moradores das áreas centrais e obrigá-los a fugir para as montanhas; literalmente.

 

E aqui em Florença, na Itália, não é diferente. Muito pelo contrário. A capital do Renascimento talvez sofra como nenhuma outra – embora na Itália e em toda a Europa sejam muitas – com o que se convencionou chamar de overtourism. Estamos falando de cerca de 1,5 milhão, só durante o verão. E este foi o um dos assuntos do G7 sobre turismo que movimentou a cidade durante três dias e reuniu, além da Itália, representantes do Canadá, França, Alemanha, Japão, Reino Unido e Estados Unidos.

 

O evento abordou também questões como os desafios do setor, a importância dos investimentos em infraestrutura e, a parte mais sensível: uma maior sustentabilidade do fluxo de visitante para proteger o patrimônio e garantir um pouco de sossego para os florentinos, a parte que mais sofre com o overtourism. Florença saiu das reuniões do G7 com um plano de turismo a ser colocado em prática já em 2025.

 

 

A prefeita da cidade, Sara Funado, anunciou os pontos principais do plano, que inclui proibir as caixinhas de porta-chaves na área tombada, limitação de aluguéis turísticos de curta duração, proibição do uso de alto-falantes por guias turísticos, entre outras. Também serão desencadeadas várias campanhas de conscientização para o turismo sustentável com o lema “Uma cidade viva e única”.

 

Ações oportunas, já que o excesso de visitantes tem muitos inconvenientes que o morador observa no dia-a-dia: a alta demanda puxa os preços de tudo para cima, afetando também os locais; e não é raro presenciar atitudes de desrespeito ao belo patrimônio da cidade e até atentados a monumentos tombados, muitas vezes promovidos por turistas ativistas.

Este post foi escrito por: Anna Paula Guerra

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