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Dicas de livros para um mergulho em diferentes histórias no final de semana, naquele momento em que você se cansou das séries da Netflix e Amazon Prime. Escolhi a dedo alguns piolhos de livrarias; leitores verdadeiramente vorazes que passeiam por vários estilos. Boa leitura a todos! Foto da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie by Ivara Esege
Luiz Gravatá, jornalista
Nesses tempos de pandemia, tenho assistido a bons filmes. Um deles, o “Meio Sol Amarelo”, muito me impressionou tanto pela produção impecável quanto pelo horror da guerra de secessão ali mostrado, envolvendo a efêmera República de Biafra e a Nigéria em fins dos anos 1960. Resolvi então ler o romance de mesmo título, cuja autora é a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, considerada uma das mais importantes jovens escritoras anglófonas da atualidade. A leitura do tijolo de 504 páginas corre sobre a história do movimento separatista de Biafra que culminou com a morte, por fome, de mais de um milhão de civis devido ao bloqueio da área pelas forças governamentais da Nigéria. O país, o mais populoso da África, destacava-se pela grande diversidade cultural com predominância das etnias hauçás, yorubás e igbos. Foram esses últimos os responsáveis pela criação do estado secessionista que durou menos de três anos e foi derrotado em 1970.
Chimamanda descreve muito bem a saga da família das irmãs Olanna e Kainene, da etnia igbo, pertencentes à alta burguesia do país, a sua participação no conflito e a sua decadência até o término da guerra. Ainda não terminei a leitura, mas que grande escritora ela é. Em 2019, o The Gardian do UK relacionou o “Meio Sol Amarelo” entre os 10 melhores livros publicados desde 2000 e, no mesmo ano, a BBC incluiu o romance entre os 100 mais influentes da literatura contemporânea.
A escritora esteve no Brasil em 2008, convidada pela Companhia das Letras e Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP), quando teve o lançamento de seu romance. Naturalmente com um baita sucesso.
Miryan De Paiva, consteladora sistêmica
“Solar da Fossa”, escrito pelo jornalista e escritor Toninho Vaz, retrata a vida de seus ilustres hóspedes num casarão localizado em Botafogo, no período de 1964 a 1971. O que mais me chamou atenção foi a pluralidade de seus moradores e visitantes. Os relatos ricos de um cotidiano recheado de música, literatura, política e até mesmo peladas de futebol. A efervescência cultural, a ousadia e o anseio de liberdade, permearam essa morada de pessoas como Caetano Veloso, Gal Costa, Paulo Coelho, Paulinho da Viola, Paulo Leminski, Tim Maia, Betty Faria dentre outros que faziam parte de uma lista sem fim de artistas que estavam começando suas histórias no país.
Carlos Lucio Arantes de Paiva, advogado
“As cidades invisíveis”, de Ítalo Calvino. O poderoso Kublai Khan convida o viajante Marco Polo para conhecer e explorar as cidades do imenso território dos tártaros, pois o imperador sente-se triste por não poder explorar as suas terras, tamanha a extensão. Marco Polo, à medida que vai conhecendo toda aquela área, esquadrinha um inventário, onde apresenta ao imperador 55 cidades, todas com nomes de mulheres, cada qual com suas peculiaridades. Nos encontros de Polo e Kublai Khan, o viajante genovês vai contado as histórias por onde passou. Assim, se desenvolve o argumento de um das melhores obras de Ítalo Calvino, um dos mais festejados escritores italianos nascidos no século passado. Porque gostei: nessa obra, precursora de muitos diários de viajem, Calvino usa de todo o seu talento e genialidade para narrar, com criatividade e elegância, as histórias de Marco Polo contadas a Kublai Khan, constituindo, assim, prosa inventiva e aprazível. Em suma, um livro que já nasceu clássico.
Nélia Cristina Costa, advogada
À espera da neve em Havana, de Carlos Eire. Na virada do ano de 1959, Fidel Castro depõe Batista. Em 1962, o autor, então com onze anos, deixa Cuba e vai para os Estados Unidos sozinho. Em Havana, corria a história de que revolucionários levariam os jovens para campos de treinamento e muitos pais não pouparam esforços para tirar seus filhos da ilha, ainda que fossem sozinhos. Quase quarenta anos depois, sem nunca ter voltado à Cuba tomada pela revolução, Eire, já um renomado professor de história em Yale, começa a escrever compulsivamente a história de sua infância incomum em um bairro rico de Havana. Uma narrativa pungente sobre um mundo que se despedaça aos poucos. “O melhor livro que li nos últimos cinco anos”, confessa a advogada.
Wanira Godoi, empresária
Acabei de ler um livro fantástico! “Código da vida”, do advogado Saulo Ramos. O autor desenvolveu uma autobiografia que foge das estruturas convencionais, relatando, ao mesmo tempo, fatos e momentos importantes da política do país.
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