segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Síndrome de Goebbels

 

Dizem que ela tem pernas curtas, não pode ser sustentada a vida inteira e, quando vem à tona, devasta relações entre amigos e família: a dona mentira. Atire a primeira pedra quem nunca… É usada sem maldade, quando você quer se livrar de um compromisso que não está a fim, mas também para manipular multidões – façanha de muitos políticos, que deveriam ser coroados no 1º de abril. Mas saiba que ela pode ser o principal sintoma de males como os transtornos factício e narcisista, a simulação e a psicose, no melhor modelo Goebbels, o propagandista de Hitler. Doenças que não são diagnosticadas com facilidade e de difícil tratamento. Este é o tema de BBNewsEntrevista de hoje, com o psiquiatra João Armando Santos.

 

BBnewsEntrevistaQual o perfil o senhor traçaria de um mentiroso contumaz?

 

João Armando – Não existe um perfil específico do mentiroso contumaz (mitomaníaco); diversos tipos de personalidade e de padrão de funcionamento psíquico levam a esse perfil.

 

BBnewsEntrevistaO psiquiatra pode fazer o papel de um detector de mentiras?

 

João Armando – Pode, porém a detecção de mentiras não é algo simples de se fazer, porém, especialmente os psiquiatras forenses, têm técnicas de entrevista que podem detectar as mentiras. Também existem profissionais que detectam sinais do corpo que poderem demonstrar se uma pessoa está mentindo. Mas, normalmente não são psiquiatras que realizam esse tipo de abordagem.

 

BBnewsEntrevista Trata-se de uma doença mental crônica, ou algo que o valha?

 

João Armando – Não necessariamente é uma doença mental. Para ser classificada como doença mental tem de causar prejuízos a pessoas no seu funcionamento e nem sempre o comportamento do mitomaníaco leva a isso.

 

BBnewsEntrevistaExiste tratamento psiquiátrico para quem mente muito?

 

João Armando – Na verdade, o tratamento é psicoterápico; não existem medicações para essa situação e sim psicoterapia.

 

BBnewsEntrevistaO mentiroso faz mais mal – psicologicamente falando – a ele mesmo ou a quem está à sua volta?

 

João Armando – Depende do conteúdo da mentira e da forma como ela é colocada, do grau, das consequências. Não existe uma regra específica.

 

BBnewsEntrevistaO que é aconselhável a alguém que convive com um mentiroso?

 

João Armando – Bem, o ideal seria expor isso de forma aberta à pessoa e orientar a mesma a procurar um tratamento psicológico.

 

BBnewsEntrevistaO que a mentira pode desencadear negativamente na mente de um indivíduo?

 

João Armando – O maior problema ocorre quando a pessoa passa a usar da mentira como ponto central de sua vida, ou seja, todas as suas relações passam a ser guiadas pelas mentiras que conta. Invariavelmente isso irá levar a prejuízos sociais e a sofrimentos psíquicos.

 

BBnewsEntrevistaComo classificar uma pessoa que mente tanto que passa a não se lembrar mais da verdade?

 

João Armando – Na psiquiatria damos o nome de mitomania. É a patologia de uma pessoa que mente de forma compulsiva. É importante diferenciar de delírio. No delírio, que é um sintoma psicótico, o paciente de fato vive aquela situação que não é real, sendo esta situação produzida por uma doença mental e não por uma mentira. Diferentemente da mitomania, o delírio responde bem a medicação.

 

O que é mitomania?

A mitomania é a compulsão pela mentira, contada de forma consciente, que tem por objetivo a autoproteção ou, muitas vezes, o falseamento da realidade, de maneira a fazê-la parecer melhor.

 

 

O lado sombrio da mentira

“Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”. A célebre frase, de Joseph Goebbels (foto), que foi o ministro da propaganda na Alemanha Nazista, permite refletir sobre o efeito devastador da mentira na sociedade. Ela se transforma num instrumento de controle do indivíduo, influenciando decisões importantes, como as eleições, por exemplo. E você, tem ideia de quantos mentirosos já ajudou a eleger?

 

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

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4 comentários em "Síndrome de Goebbels"

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