Uma peça chamada cliente de agência de propaganda
BRIEFING NEWS — Quem trabalha em agência de propaganda, principalmente na criação ou atendimento, sabe como é difícil depender da aprovação do cliente, seja por incompreensão, divergência de ideias, ou até burrice mesmo. O que ninguém sabe, entretanto, é que O Cliente Da Agência de Propaganda é assim o tempo todo. A culpa não é dele, é da sua natureza. Se ele agisse rotineiramente da mesma maneira como se comporta conosco ao analisar uma campanha ou um simples anúncio, olha só o que aconteceria:
NO MÉDICO
O Cliente Da Agência De Propaganda chega ao consultório do médico e diz: “Doutor, arranque fora meu fígado. Ele tá doendo muito.” O médico o examina e diz que vai lhe receitar um remédio. “De jeito nenhum – diz o Cliente Da Agência de Propaganda – remédio demora. Quero que o meu problema seja resolvido de uma hora para outra”. “Mas eu não posso resolver seu problema simplesmente extraindo seu fígado” _ argumenta o médico. “Pode sim”, retruca o Cliente Da Agência De Propaganda. “Eu entendo desse negócio, ele é meu. E sou eu que estou pagando”.
NA BUTIQUE
O Cliente Da Agência De Propaganda volta à loja do shopping, onde comprara uma calça. Ele deseja trocá-la por outro modelo e explica o motivo à vendedora: “Ninguém lá em casa gostou. Eles pediram outra opção.” A vendedora traz outro modelo.
“Olhe este. É moderno, levemente ousado e dinâmico, não acha?” O Cliente Da Agência De Propaganda veste a calça e sorri amarelo. Pede licença e sai. Volta depois, cabisbaixo. “Bem, o pessoal lá de casa gostou. Mas a minha namorada fez umas ponderações. Ela disse que eu não posso arriscar minha imagem de líder. Que tal algo menos inovador?” A vendedora volta com uma calça jeans. “Agora sim”, comemora o Cliente Da Agência De Propaganda. E sai novamente. Passam-se os minutos. Finalmente o Cliente Da Agência De Propaganda reaparece na loja do shopping.
Antes que a vendedora tenha tempo de perguntar qualquer coisa, ele dispara: “Todo mundo aprovou! Só tem uma pendenciazinha: eles criticaram o custo. Será que não dá para fazer uma bermuda com a calça e cortar 50% do valor?”
NA LANCHONETE
O Cliente Da Agência De Propaganda senta-se à mesa e pede ao garçom: “Uma esfirra e um suco de laranja”. O garçom anota e volta logo depois com o pedido do cliente, mas com um detalhe: o prato e o copo são do mesmo conjunto e combinam com o canudinho e o porta guardanapo. O dono da lanchonete acredita que uma boa apresentação favorece a aprovação do cliente quanto à comida. Assim que é servido, o Cliente Da Agência De Propaganda examina bem e diz ao garçom: “Não foi bem assim que eu imaginei a esfirra. Faz o seguinte: leva tudo de volta e me traz uma coxinha e uma água mineral”. O garçom recolhe tudo.
Logo em seguida, retorna com o novo pedido. O Cliente Da Agência De Propaganda faz cara ruim. “Não sei, essa coxinha está meio sem molho.” “Se o senhor quiser, podemos experimentar uma versão com mostarda e catchup pelo mesmo preço.” “Pode ser. Aliás, acho que você deveria ter me alertado sobre isso. Vocês, hein? Só pensam em faturar às minhas custas. Bom, já que está em cima da hora, vamos fazer assim: eu não vou beber nada. Mas dá para fazer a coxinha maior?” “Tudo bem, senhor. Temos uma coxinha maior que custa um pouco mais e…” “Ah, não! Quebra meu galho, vai. Você tem que negociar o preço dessa coxinha maior com o dono do bar. Eu não tenho verba, não tenho, você entendeu?”
Foto esfirra: habibs.com.br