Vendem-se atestados, diagnósticos e receitas
Quem nunca ouviu falar de um amigo ou conhecido que resolveu o famoso truque do atestado médico falso somente para não ir trabalhar? Pois é, agora esse fenômeno está explodindo no Brasil. Laudos, atestados, receitas e até pedidos de exames médicos falsos se transformaram em negócio lucrativo nas redes sociais – mas não é culpa delas, e sim dos inescrupulosos de ambos os lados.
Segundo levantamento, o número de anúncios sobre documentos e remédios falsos no Telegram cresceu mais de 20 vezes desde 2018, passando de 686 para mais de 15 mil por ano no Brasil. Somente de janeiro a julho deste ano, os conteúdos somaram quase meio milhão de visualizações.
O esquema é profissional. Bots automatizados, perfis falsos e marketplaces organizados facilitam pagamentos e entregas em minutos, com baixa chance de rastreamento. Mais de 27 mil pessoas participam ativamente de grupos de compra e venda, com um cardápio que inclui receitas — todas com carimbos reais de médicos que nem sabem que seus nomes foram usados.
Como funciona, na prática: o cliente recebe orientações para imprimir, assinar e até pesquisas drogarias até encontrar uma que aceite. Também há atestados médicos feitos sob medida, com CID e tempo de afastamento escolhidos pelo comprador.
E não para por aí: Remédios tarja-preta, abortivos e até canetas emagrecedoras são oferecidos sem qualquer prescrição. Para tentar conter a fraude, o Conselho Federal de Medicina lançou um sistema de rastreamento digital de atestados em que o médico é notificado, podendo confirmar ou não a validade do documento.