quarta-feira, 30 de julho de 2025

Vítimas do Vesúvio não eram quem os arqueólogos pensavam

 

Uma nova análise de DNA feita recentemente sugere que os arqueólogos podem ter entendido mal as relações entre algumas vítimas da erupção do Vesúvio em 79 d.C., que atingiu Pompeia há quase dois milênios. Por exemplo, um conhecido grupo de vítimas, que se pensava ser constituído por uma mãe, um pai e dois filhos, pode nem sequer estar relacionado.

 

“Todos essas quatro pessoas eram do sexo masculino, o que desmente a teoria de que seriam pai, mãe e dois filhos. E, além disso, não estavam, de fato, biologicamente relacionados uns com os outros”, diz Alissa Mittnik, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, da Alemanha.

 

Outra cena famosa – duas figuras fechadas no que há muito é visto como um abraço maternal – também foi reformulada. “Mais uma vez, descobrimos que pelo menos uma das pessoas era do sexo masculino. E, mais uma vez, não tinham qualquer relação maternal um com o outro”, diz Mittnik.

 

A equipe, que também inclui cientistas da Universidade de Harvard e da Universidade de Florença, na Itália, baseou-se em material genético preservado durante quase 2.000 anos.

 

Depois de o Monte Vesúvio ter entrado em erupção e destruído a cidade romana em 79 d.C., os corpos enterrados na lama e nas cinzas se decompuseram, deixando os espaços onde estavam depositados os restos mortais. No final do século XIX, foram criados moldes a partir desses espaços vazios.

 

Os investigadores concentraram-se em 14 moldes que aguardavam restauração, extraindo o DNA dos restos de esqueletos fragmentados que se misturavam a eles. Assim, os investigadores esperavam determinar o sexo, a ascendência e as relações genéticas entre as vítimas.

 

Os investigadores também confirmaram que os cidadãos de Pompeia tinham diversas origens, mas que descendiam principalmente de imigrantes do Mediterrâneo oriental – o que caracteriza um amplo padrão de movimento e intercâmbio cultural no Império Romano. Pompeia está localizada a cerca de 241 quilômetros de Roma.

 

O estudo baseia-se na investigação de 2022, quando os cientistas sequenciaram o genoma de uma vítima de Pompeia pela primeira vez e confirmaram a possibilidade de recuperar o antigo DNA dos escassos restos humanos que ainda existem.

 

“Os nossos resultados científicos com base no DNA dão uma visão adicional à análise arqueológica e antropológica anterior e fazem-nos repensar quem eram realmente estas pessoas, como se relacionavam umas com as outras e como se comportavam nos últimos momentos da sua vida”, explica Mittnik.

 

Foto: AP Photo

Este post foi escrito por: Britz Lopes

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