terça-feira, 22 de abril de 2025

A chamada Zona do Agrião perdeu as folhas

 

Hiram Souza – Não sou um entendido em futebol, mas gosto do esporte. No Rio, quando morei em Laranjeiras, torcia e era sócio do Fluminense. Voltando a morar em Curitiba e, apesar do Petraglia, torço pelo Furacão. Mas todas as vezes que me aventurei nos estádios me dei mal. No Maracanã, assisti a um Flamengo e São Paulo. Jogaram xixi nas cadeiras onde eu estava.

 

Em São Paulo, fui ver um Corinthians e Palmeiras e novamente tomei um banho de xixi, o que me obrigou a voltar ao hotel para tomar banho, trocar de roupa e assistir ao jogo pela televisão que, diga-se de passagem, é infinitamente melhor e mais seguro do que no estádio.

 

O brasileiro tem um comportamento estranho nos eventos dos quais participa. Em shows, você não consegue ouvir o cantor porque a plateia canta junto, aos berros e desafinada. Nos estádios, a torcida alucinada acaba se agredindo, dando aula de palavrões ou se divertindo jogando xixi nos outros. Definitivamente, a educação brasileira não existe quando se trata do coletivo.

 

Mas resolvi me aventurar no assunto futebol, porque ao ver o sorteio da Conmebol na TV, onde foram sorteados os jogos da Libertadores e da Sul-americana, vi uma entrevista do presidente da Conmebol, Alejandro Guillermo Domingues Wilson-Smith, paraguaio de nascimento e que se tornou dirigente pelas mãos do seu pai, Oswaldo Dominguez Dibb, presidente do poderoso Olímpia.

 

O presidente da Conmebol é um autêntico cartola, como de resto todos os envolvidos com a cartolagem do futebol. Isso porque a modalidade arrecadada uma montanha de dinheiro. Na Sul-americana, os prêmios são os seguintes: quartas de final 3.9 milhões, semifinal,4.5 milhões, vice-campeão 11.3 milhões e campeão 36,9 milhões. Como vocês podem ver é muito dinheiro.

 

Mas resolvi meter o bedelho nesse assunto porque o racismo tem estado presente em todas as partidas. Torcedores de times sul-americanos imitam macacos nos estádios onde jogam times brasileiros e, embora o seu Alejandro tenha feito em público um discurso contra, no privado questionou como ficaria se os times brasileiros não disputassem a competição. Mas a infeliz declaração em espanhol foi: “A sul-americana sem os brasileiros seria impossível, seria mais ou menos como o Tarzan sem a Chita”. Imediatamente traduzida, a declaração gerou furor na imprensa nacional e com razão.

 

A partir daí comecei a pensar como seria a Sul-americana sem os times brasileiros e, sem pretensão, afirmo que essa competição não existiria. Ocorre que como quase tudo no Brasil tem virado zona e a CBF não é exceção. O senhor Ednaldo Rodrigues Gomes, baiano, contador de profissão, eleito em 2021 e sendo reeleito por unanimidade pelos 27 presidentes das federações estaduais, nunca bateu uma bolinha. Pode até ter conhecido bolas, mas não necessariamente as de futebol.

 

Recentemente, quando um autêntico profissional de futebol tenta se candidatar à presidência da CBF, é morto no nascedouro porque os cartolas morrem de medo dos ex-profissionais que conhecem o negócio a fundo. Isso aconteceu agora pouco com Ronaldo Fenômeno, ex-campeão mundial, e com o Romário quando teve a mesma ideia. Assim fica claro que o negócio futebol não é para profissionais.

 

Voltando a falar do Ednaldo, sob sua administração ficamos fora da Olimpíadas de 2024; houve um momento em que ele ficou famoso porque foi destituído da presidência da CBF pela justiça do Rio de Janeiro e sendo reconduzido ao cargo por decisão do Ministro Gilmar Mendes do STF.

 

Acho que o futebol brasileiro tem saudades do poliglota e cidadão do mundo Jean-Marie Faustin Godefroid Havelange, que de tão diplomata e competente virou presidente da entidade maior do futebol mundial, a FIFA.

 

E já que me meti a escrever sobre um esporte do qual sou só admirador, acho que com o dinheiro que a CBF distribui poderíamos fazer um grande campeonato sul-americano organizado e disputado no Brasil e convidar os clubes para vir jogar aqui. Temos bons estádios, bons gramados…  ou acertar com a FIFA para participarmos da CONCACAF, Confederação das Associações de Futebol da América do Norte, Central e Caribe. Não tenho dúvidas que seríamos aceitos com grande satisfação.

 

E daí talvez o seu Alejandro passasse a nos respeitar mais, onde seríamos o Tarzan, ou simplesmente participaríamos com outras Chitas. Ainda bem que avisei que não entendo de futebol. Só aprecio o esporte e, com o passar do tempo, noto que se transformou em um grande negócio cujas regras criadas em 1863 não são mais lembradas.

 

Este post foi escrito por: Hiram Souza

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

1 comentários em "A chamada Zona do Agrião perdeu as folhas"

Deixe uma resposta