À espera da Goiânia polar
Que delícia! Goiânia polar anunciada! Vou recorrer às botas que só viajaram para a Europa e nunca pisaram em território nacional. Assim como os cachecóis, que só falam língua estrangeira. Os casacões, ah! Esses vão entender nada da paisagem, estranhar a padaria Canadá em lugar da Ditta Artigianale fiorentina e vão querer voltar para o armário.
Talvez comprarei o almoço com o cartão de crédito, mas vou levar também o passaporte. Pode ser carimbado na entrada do Galpão? Vai que rola um tax free! Vixe, que dúvida: com que moeda vou dar gorjeta para o rapaz do posto que calibra o pneu? Meus euros já estão contados para a maratona no verão europeu, adiada por dois anos.
Já sei! Para não ter problemas com a adaptação, vou com cartão de embarque e meu vinho para a varanda do prédio mesmo. Levo minhas banquetas, acendo uma vela, compro queijo nacional. Com a bota, cachecol e casacão – eles vão achar que estarei fazendo o test drive e não vou me complicar nessa Goiânia que mudou de banda.
Quase dispensando a necessidade de incursão europeia com tanto frio que vai fazer por aqui. E o que é melhor: em bom e desvalorizado real. Preciso converter nada! Que o inverno lhe seja leve. Se confirmada a queda brusca, vou de música italiana e chamar a polícia quando a vizinha tentar cantar mais uma vez “Joga baixo não…”, da saudosa Marília Mendonça. Maravilhosa ela, só que não vai combinar.
Ao contrário, farei tudo do mesmo jeito, mas no escritório e com o ar-condicionado ligado. Ninguém pode brincar com as nossas expectativas de chegar ao primeiro mundo das baixas temperaturas, né?
Déjà vu – Conheço essa série de outras temporadas. Era tipo 2002 quando foi anunciado frio polar em Pirenópolis. Eu tinha uma caminhonete compacta. Enchi a caçamba de casacos, botas e edredons. Minha personal chef, Camilla Cinquetti, (ex-Eliane) preparou vários tipos de fondue. Agasalhei tudo na boleia e parti para aventura gelada, do jeito que gosto.
No tal dia D, acendemos a lareira de Ana Manuela lá pelas 18 horas, ajeitamos o banquete na mesa, dispusemos os vinhos. Os casacos estavam à espera no cabideiro centenário que acabei herdando. O silêncio da expectativa durou até as 8 da noite, quando desconfiamos que era fake news. Apagamos a lareira e ligamos os ventiladores para conseguir degustar o fondue sem muito suar. Eita cerrado!
Foto de Taryn Elliott no Pexels
Você é única mesmo❤️