sexta-feira, 26 de julho de 2024

A imaginária Medina del Campo

 

Marcio Fernandes  –  Há lugares e coisas que me atraem pelo nome. Sempre quis vir a Medina del Campo pela sonoridade das palavras. Especialmente Del Campo.  Inexplicavelmente a cidade me trouxe imagens imaginárias. Bem platônicas mesmo.

 

Ao desembarcar do trem, deixei a mochila no hotel e segui direto para o Mercado de Abastos. Precisava dar forrada mais para fraca antes do almoço. Comidinha de mercado na Espanha é tudo de bom e mais alguma coisa. Caraca, pedi uma empanadita de carne para provar. Acabou que comi três e uma croqueta de conteúdo não identificado. Sururu, um espetáculo! O dono do estabelecimento não cobrou a alimentação. Só a cerveja!

 

 

No trem tive de colocar ordem na casa. Um casal estava no corredor de pé conversando bem ao meu lado. Eu com antipatia dobrada! Não se pode atrapalhar o fluxo de passageiros. A sistemática é entrar, procurar o assento correto e sentar. Fechei a cara o pessoal e o casal tomou procedimento. Aqui tem organização e método! Siempre!

 

Medina del Campo é cidade que vive da produção agropecuária desde o Século 15. Floresceu naquela época no comércio de lã, tecidos e enorme variedade de outros produtos. Há registro histórico de assentamento de pastores e agricultores datado de 500 anos antes de Cristo. A cidade é muito simpática com seus 20 mil habitantes.

 

 

Em 1489, aqui foi assinado um importante tratado de livre comércio com a Inglaterra que durou 96 anos baseado em acordo tarifário. O Mercosul foi criado em 1991 com este propósito e nada aconteceu de fato. O acordo se fundamenta em retórica de cucarachos sem a finalidade prática, que é fazer negócios. Como a fila não anda, a esperança é de que o Brasil estabeleça Acordo de Livre-Comércio com a União Europeia e dê um hasta luego para los catiretes. Se bem que com o Lula não vai rolar.

 

O Castelo de la Mota é o grande atrativo de Medina del Campo. Construído entre os Séculos 13 e 15 possui extraordinária muralha e um grande pátio de armas. Impressionam a torre de 42 metros de altura e a coleção de arte de grande reputação. Com planta em forma de trapézio, o castelo foi um dos destinos de confinamento da Rainha Joana, A Louca!

 

Definitivamente, Medina del Campo não é cidade monumental. Tem listadas umas 30 atrações e se destaca por ter uma procissão na Semana Santa mais antiga da Espanha, cuja tradição teve início em 1411. É o que eu queria mesmo. Lugar reservado e vazio de turista.

 

 

Antes de chegar ao Mercado de Abastos, tive encontro inesperado com grupo de exatamente 40 crianças de uns três anos, idade da Nina. Elas estavam amarradas por umas tiras e pajeadas por três professoras. Muito interessante. Lindinhas demais!

 

Na saída de Zamora rolou uma situação muito bacaninha. Estava meio vendido para encontrar a plataforma do trem. Eis que peço socorro para Dona Sagrário, uma espanholinha lépida e faladeira de uns 80 anos ou mais.

 

Ela me levou até o local e perguntou se eu era argentino. Depois me explicou que tudo tem o lado positivo e negativo. Prometeu rezar por mim. Dona Sagrário, também vou rezar pela senhora e desde já envio positivo expressivo!

 

 

Preciso mandar um positivo para o Juan. Encontrei hoje uma loja de queijos com teu nome. Cara, saudade de você e do Filé a Dom Juan!

 

Quero mandar um positivo para Tereza Emília. Aqui a peleja está grande, mas não se fala em água de balde. Só vinho qualificado!

 

É importante positivar o Leandro Tex, grande jornalista e torcedor do Atlético Clube Goianiense. Se der, irei a Gibraltar!

 

Por fim, mandar positivo grande para Dr. Irapuan. Sou muito fã dos seus artigos!

 

Marcio Fernandes é jornalista!

Fotos Marcio Fernandes

 

 

A música de hoje é Me Deixe Mudo de Walter Franco, que adorou o Peixe na Telha que dividimos longo tempo atrás em Goiânia.

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Este post foi escrito por: Marcio Fernandes

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4 comentários em "A imaginária Medina del Campo"

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