A Ponte Vecchio tem história pra contar
Conexão Fiorentina — A Ponte Vecchio, sobre o Rio Arno, está para Florença, assim como a Torre Eifel para Paris. É pura fascinação fazer uma foto com o monumento ao fundo, de qualquer ângulo e de preferência ao por do sol para que os raios atravessem seus arcos. Abriga, ao longo de sua extensão, ourivesarias e joalherias de designer assinado. Estima-se que tenha sido construída em madeira ainda na Roma Antiga. Foi destruída pela fúria do Arno em 1333 e reconstruída, em pedra, no ano de 1345 com projeto de Taddeo Gaddi, o que faz dela a mais antiga ponde de pedra da Europa.
Nos séculos XV e XVI ela foi designada aos açougueiros da cidade de Florença, que foram fazendo puxadinhos desordenados que avançavam sobre o Rio. Até que a poderosa família Medici – o sobrenome mais icônico da Itália – se mudou para o Palácio Pitti e Fernando I mandou correr com os vendedores de carne por causa do cheiro desagradável.
É que pela Ponte Vecchio passava o Corredor Vasariano (do arquiteto Giorgio Vasari) que ligava o Palazzo Vecchio ao Pitti e, vamos combinar, os nobres não queriam esse tipo de comércio em sua volta. Daí veio o luxo das joalherias. Esse corredor, aliás, era uma forma de proteger a nobreza da reação popular ao novo sistema de governo que substituiu a República Fiorentina – a turma que mandava e desmandava, à época, tinha medo de chuva de ovos e tomates.
No lado sul da Ponte Vecchio (lado Palazzo Pitti) está a Torre dei Mannelli, única entre outras três que serviam de proteção, que ainda está de pé. Isso porque a família Mannelli bateu o pé e não permitiu que ela fosse demolida para a passagem do tal corredor-esconderijo. Vitória e tanto! Habilidoso que era, o arquiteto deu o seu jeitinho.
Mas o monumento já passou por poucas e boas. Em 1938, Hitler foi recebido em Florença por Mussolini, que mandou abrir duas grandes janelas no centro da Ponte para que o führer pudesse admirar o panorama oeste do Rio Arno. Que ousadia! Pelo menos tudo indica que o nazista deu sua contrapartida, não permitindo que ela fosse bombardeada na Segunda Guerra.
Hoje sem Medici, Hitler, Mussolini, nem açougueiros, resta aos turistas apreciar a grandeza desse monumento cartão-postal da bela Florença. Quem sabe comprar uma joia de autor – que, em algumas lojas, nem custam os olhos da cara.