sexta-feira, 26 de julho de 2024

A roubada formal e outras histórias

 

Marcio Fernandes – Não foi fácil chegar a Tbilisi, capital da Geórgia. Havia duas opções desde Kutaisi. Por vans super desarrumadas ou por ferrovia de igual padrão. Para mim automóvel só rola quando não tem outra saída. Eu e Eliene, que prefere ser chamada de Camila, decidimos pelo trem.  Lá fomos nós conhecer como se locomove em terra pelo interior de uma Geórgia meio que parada na Década de 1970.

 

 

Como por aqui o inglês é um idioma que só dá início ao diálogo e depois nada tem prosseguimento, o melhor é ligar o modo não-estou-entendendo e deixar a coisa acontecer nas calminhas. Resultado: caímos em um vagão de cabine sem ventilação com duas georgianas que não pararam de falar por 5h26 de viagem. Camila estava impaciente com tanto falatório e até levantou falso testemunho sobre o procedimento das moças.

 

 

Não se pode julgar as pessoas sem a devida Folha Corrida em mãos! Me lembro do Regime Militar no Brasil. Era fundamental ter boa aparência para se obter certo Atestado de Boa Conduta! Eu quero o meu Atestado de Boa Conduta em cirílico. Assinado por Putin e Zelensky em sinal de paz entre os povos. Que Putin é excomungado e cretino, não há dúvida! Agora, Zelensky, solte a franga, camarada! Nessa história, Lula é professor da matéria e tem razão! Você é um mala também! Essa cara de cachorro de fazenda com mimimi não me engana! Você é esperto como raposa e já deve estar com o cofrinho cheio nas Ilhas Cayman!

 

 

 

O espaço VIP do trem era a janela do corredor do vagão, cuja última limpeza boa data de ano anterior à queda do Muro de Berlim. Em pé, a galera democraticamente se revezava para tomar um ar, dissipar o odor de óleo diesel e de pessoas não exatamente em bom estado de higiene-limpeza, especialmente de um grupo da China! Não pode pessoal! Antes de pegar o trem é fundamental estar de banho tomado! Não era obrigatório o uso de máscara? Com o banho é a mesma coisa!

 

 

Conceitualmente existe a roubada material e formal. No caso em tela, como dizia meu professor de Direito das Coisas, a roubada foi só material. Formalmente, eu estava muito bem instalado em cabine, a apreciar da janela os ares purificantes da Cordilheira do Cáucaso, entre o Mar Negro e o Mar Cáspio!

 

 

Hoje começou a verdadeira exploração da linda Tbilisi, que tem alguma coisa próxima a 1,2 milhão de habitantes. Descemos do Centro Histórico a pé com proa apontada para o Mercado da Ponte Seca, local que todo dia ocorre feira qualificada de antiguidades. Antes, atravessamos o pequeno e cheio de história Parque 9 de Abril. O nome é atribuído em recordação permanente do massacre ocorrido no local em 9 de abril de 1989, ocasião em que 21 georgianos foram assassinados pelas tropas soviéticas em protesto separatista.

 

 

Hoje existe uma fonte em mosaico usada como piscina para refrescar a criançada do calor intenso. Famílias se instalam em barracas ao lado em uma atmosfera bem hippie. Pedi em cafeteria um chá espetacular que veio em bule de porcelana. Só a música que é meio chata e alta. Tipo um rap em georgiano. Pessoal, vamos melhorar e abaixar o som enquanto meu chá esfria! Não tomo bebida quente!

 

 

Aqui vai uma antecipação do positivo para o patriarca da Igreja Ortodoxa de São Jorge. Não houve bênção, mas o sacerdote gente fina me deixou tirar fotografia e fez explanação conclusiva sobre o local. Foi positivo, embora tenha entendido nada!

 

 

Passei a maior parte do dia em garimpagem no Mercado da Ponte Seca! Já visitei vários mercados de pulga na Europa. O de Tbilisi tem o diferencial de oferecer grande variedade de artigos domésticos e militares da ex-União Soviética. E os preços são inacreditáveis! Aliás, mesmo que o lari, moeda local, seja quase o dobro do real, é tudo muito barato. O ambiente do mercado é muito agradável por estar na parte alta da cidade e oferecer visão panorâmica do Rio Kura.

 

 

Eu fiz negociação considerada boa com Thomas, judeu georgiano meio irritado, de dois cartazes feitos em litografia. O negociante quis me empurrar de início impressão em off set e eu mandei pra ele um Pra Cima de Mim Não, Abrãao! Ao final ele tirou as preciosidades do baú e fechamos negócio com boa redução da pedida! Bem próximo da Praça da Liberdade há um mercado de flores absolutamente fantástico. O local é abrigado em pavilhão de metal no estilo vitoriano e os arranjos florísticos são uma obra de arte.

 

 

Tbilisi tem 1,5 mil anos fundação e foi estratégica na operação de logística da Rota da Seda, que ligava a China ao continente europeu. Embora o cristão-ortodoxo tenha extraordinário apego aos valores religiosos, os georgianos são conhecidos pela tolerância religiosa. No Distrito do Banho, onde se encontram águas termais sulforosas, uma sinagoga e uma mesquita convivem sem menor conflito. Tbilisi é muito mais do que isso e preciso de mais um dia para dar uma conhecida na região. Vou comer porque o setor de alimentação da Geórgia é espetacular!

 

 

Vamos agora positivar o pessoal desde a Geórgia!

O primeiro positivo vai para o Dr. Daniel, meu ortopedista gente fina e super competente. Zero de dor na coluna, doutor!

 

 

Vai um positivo grande para Tereza Martín Castro, madrilenha de extraordinárias elegância e fineza!

 

 

Preciso positivar o grande António, barcelonês sensacional que conheci em Goiânia e entusiasta da boa mesa!

 

 

Quero mandar um positivo para Vladimir Lenin! Eu sei que você era um cara bacana e foi Stalin quem queimou teu filme!

 

 

Hoje no ambiente de positivismo só tem gente grande! Então, vai positivo final para Dr. Krempel, meu considerado de Uberlândia e grande frasista do cotidiano!

 

 

Texto e fotos Marcio Fernandes!

 

A música de hoje é Mrs. Vandebilt, com Paul McCartney e Wings! Aumenta o volume que a música é boa!

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Este post foi escrito por: Marcio Fernandes

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5 comentários em "A roubada formal e outras histórias"

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