sábado, 27 de julho de 2024

A solução pode estar na Cannabis

 

Pesquisas já revelaram as propriedades farmacológicas da cannabis e comprovaram sua eficácia terapêutica para o tratamento de várias doenças. A Cannabis Sativa possui mais de 500 compostos químicos e mais de 100 canabinoides identificados. Foi no poder dessa planta que o médico Ronaldo Bufaiçal apostou todas as fichas para tratar da filha Julia, diagnosticada com uma síndrome que mistura espectro autista e neuropatia. Nesta entrevista, ele fala sobre o uso medicinal da Cannabis e como pacientes com indicações corretas podem ter acesso a esses medicamentos.   

 

 

BBNwesEntrevistaQuando e por que o senhor começou a se interessar pela cannabis medicinal?

 

Ronaldo Bufaiçal – Entre 3 e 4 anos de idade, minha filha Júlia, com 11 anos hoje, começou a apresentar sinais de atraso no desenvolvimento; aos 6 tivemos o diagnóstico através de um exame genético que ela era portadora de Síndrome de Rett, uma mistura do espectro autista mais neuropatia. Foi um choque saber que era uma doença degenerativa numa criança e ao ler sobre os tratamentos disponíveis não havia nada além de inúmeras terapias. Foi aí que comecei a pensar na Cannabis para os transtornos do espectro autista e para as neuropatias, desordens muito frequentes em nossas sociedades atualmente.

 

 

BBNwesEntrevistaDe quais enfermidades estamos falando para as quais a cannabis apresenta resultados positivos no tratamento?

 

Ronaldo Bufaiçal – Quando tratamos o espectro autista, transtornos como: desabilidade intelectual, ansiedade, hiperatividade, déficit de atenção, epilepsias de difícil controle, depressão, bipolaridade, transtorno obsessivo compulsivo, são os mais frequentes. Já nas neuropatias, temos perda da funcionalidade das mãos, parkinsonismo, dificuldades na fala, disfunção autonômica da bexiga e intestino, regressões. Todos esses sintomas podem ser tratados e amenizados com Cannabis medicinal.

 

 

BBNwesEntrevistaA resposta a esses tratamentos é mais rápida do que de outros fármacos convencionais do mercado?

 

Ronaldo Bufaiçal – A resposta na maioria das vezes leva o mesmo tempo dos fármacos convencionais, 2 a 4 semanas para os primeiros efeitos, porém são respostas sem efeitos colaterais graves. Drogas como Risperidona e Aripiprazol, usadas no autismo, tem em suas bulas obesidade e síndrome metabólica como efeitos colaterais frequentes, diferentes da Cannabis, que causa regulação do apetite chegando a gerar emagrecimento.

 

 

BBNwesEntrevistaAliás, como estudioso do assunto, o que pensa a indústria farmacêutica nacional a respeito?

 

Ronaldo Bufaiçal – Penso que o sistema de saúde do Brasil, país de solo fértil, condições climáticas favoráveis e dimensões continentais, deveria oferecer um tratamento eficaz para inúmeras doenças degenerativas, indo de AIDS, doenças autoimunes, câncer, depressão, enxaqueca, glaucoma, diabetes, artrites, dores de todas as formas, inflamações, vícios, Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla, ELA, todos esses tratamentos custeados pelo Estado e orientados por médicos habilitados na terapia canabinoide.

 

BBNwesEntrevistaO que o cidadão que tem alguma dessas doenças – e já tentou outros tratamentos –pode fazer para conseguir se tratar com a Cannabis? Todos os pacientes têm de recorrer à justiça?

 

Ronaldo Bufaiçal – Ser acompanhado por um médico que conheça a terapia canabinoide é a maneira dos doentes serem tratados. Existem medicamentos à base de canabinoides importados ou através de organizações não governamentais que plantam Cannabis e produzem os medicamentos à base dos fitocanabinoides e através dos médicos que atendem os pacientes e fornecem tratamentos para eles e suas famílias.

 

BBNwesEntrevistaEsses  medicamentos tem preços acessíveis?

 

Ronaldo Bufaiçal – Medicações importadas ainda têm alto custo; as das associações são mais acessíveis.

 

BBNwesEntrevistaOnde eles são produzidos?

 

Ronaldo Bufaiçal – Indústrias americanas, canadenses, suíças. ONGs que cultivam Cannabis com permissão judicial.

 

BBNwesEntrevistaA Anvisa já  autorizou a importação de alguns produtos.  No seu entendimento o que determina a liberação ou não de um medicamento à base do produto?

 

Ronaldo Bufaiçal – A prescrição e o acompanhamento médico do paciente e da família do paciente.

 

BBNwesEntrevistaO Brasil teria como controlar a produção desses medicamentos – ou seja, garantir que a Cannabis seja usada apenas para fins medicinais?

 

Ronaldo Bufaiçal – Quem garante isso é o acompanhamento médico e a produção de Cannabis medicinal de potência farmacológica.

 

BBNwesEntrevistaO que falta para a liberação do uso desses medicamentos apenas com a prescrição médica?

 

Ronaldo Bufaiçal – O médico habilitado na terapia canabinoide é quem garante o acesso do paciente ao remédio mediante seu acompanhamento periódico e a melhora dos sintomas queixados pelos pacientes

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

2 comentários em "A solução pode estar na Cannabis"

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