sábado, 27 de julho de 2024

Alguém já foi a Le Bisbal del Penedès?

 

Havia falado sobre as vantagens da viagem sem planejamento, mas há sempre um pequeno contratempo nesse tipo de investida aventureira – de mochila, lembrem-se. Estávamos – eu e Cláudia de Castro, minha amiga topa-quase-tudo – no balneário de Lloret de Mar, na Costa Brava, Espanha. O próximo destino seria Tarragona, cidade imponente da Catalunha, com ruínas da era romana de Tarraco, anfiteatro do Século II, tudo o que gostamos de explorar.

 

Enquanto Cláudia preparava o almoço – ela é chef destemida e criativa – me ocupei de encontrar um Airbnb a preço bacana com ar-condicionado. Nem aceitei o copo de vinho para me concentrar melhor na operação. Abri vários apartamentos, mostrei a ela e optamos por um bem amplo e todo equipado a custo inacreditável. Com a anuência de minha companheira de viagem, cliquei nele e compartilhei a escolha.

 

Ela abriu o ícone e estranhou ver no Google Maps as plantações ao lado. “Não!”, disse. Escolhi um apartamento no centro da cidade! Tomei-lhe o telefone das mãos, já nervosa, e fui conferir o que havia feito. Surpresa: aluguei um espaço não reembolsável na tímida e pequenina Le Bisbal del Penedès – distrito de Tarragona, mas a 30 quilômetros da cidade. Eu me apavorei com o meu erro, mas ela concordou em pagar para ver. Daí, fui estudar como chegar à cidadezinha que fica no alto de uma montanha: um trem até Le Vendrell e um ônibus ou táxi até o topo.

 

O simpático Antônio – dono do apartamento, que faz o taxista, vende congelados in natura ou pré-cozidos, bebidas e dá de guia nas horas vagas, foi nos buscar na estação. Oito quilômetros acima e chegamos ao destino. Ele fez questão de dar uma volta para apresentar uma Le Bisbal sem viva alma na rua – a siesta em cidade pequena é forte e duradoura. Um supermercado de rede tímido, outro menor ainda, uma farmácia, uma padaria, um restaurante, um banco, um clube recreativo para a terceira idade, nenhuma chefatura de polícia, porque necessidade não há, mas um belo e bem montado apartamento com ar e as tais plantações a perder de vista – os belos vinhedos de Penedès!

 

 

É na região de Penedès onde são cultivadas as uvas para a produção das cavas – nome espanhol do espumante. Estávamos, inclusive, muito próximas da Freixenet, com fachada toda trabalhada em cerâmica laranja e azul. E Le Bisbal está cercada de vinhedos por todos os lados. É habitada por comunidade da terceira idade, que depois da siesta costuma degustar o melhor da produção local, em grandes quantidades. Então fomos fazer a limonada – aqui no caso tomar vinho bom e muito barato.

 

 

Foram quatro diárias divididas assim: o primeiro dia em Le Bisbal, onde fomos observadas e cumprimentadas por todos os moradores, já que éramos as únicas turistas do pedaço; segundo em Tarragona, de táxi e trem; terceiro em El Vendrell e o quarto escolhemos para uma grande caminhada ao redor dos vinhedos – da, aquela altura, querida Le Bisbal. Era um domingo, dia de Santa Cristina, padroeira do pedaço, mas não houve a tradicional missa na igrejinha dela no alto do morro por causa da iminência dos incêndios de verão. Terminamos a incursão durante lauto almoço grifado, com sequência de oito pratos regados a vinho de Penedès, no único restaurante do pedaço, o Ull de Llebre, por 27 euros per capta. Conclusão: voltar não carece, mas foi lindo!

 

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

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