quinta-feira, 20 de março de 2025

Arte: substantivo feminino

 

“Mulher geralmente não escreve né?! Quando eu escrevi o primeiro capítulo do meu livro, A filha das flores, o editor mandou para dez pessoas [lerem]. E sem o meu nome. Porque já existia o pré-conceito de que mulher, cantora, não podia escrever”. O trecho da entrevista concedida pela cantora, compositora e escritora Vanessa da Mata em 6 de janeiro deste ano ao programa Roda Viva, da TV Cultura, evidencia a perpetuação das dinâmicas de silenciamento do protagonismo feminino nas artes: essa também era a realidade em 1969, por ocasião do início das atividades da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás, a Aflag.

 

Um texto de apresentação, no site da entidade, destaca que “a fundação da Aflag […] foi motivada por uma iniquidade. Naquele tempo, final dos anos de 1960, as mulheres invisibilizadas, excluídas e marginalizadas, eram impedidas de ingressar na Academia Goiana de Letras (AGL). Constituída em 1939, aos moldes da Academia Brasileira de Letras, negava às mulheres o acesso ao reduto criado sob a égide machista, vigente em todas as esferas: familiares, sociais, políticas, econômicas, jurídicas, artísticas e, por conseguinte, literárias”. Desde então, a Aflag tem se dedicado a incentivar, apoiar e promover o trabalho de mulheres nas artes e, neste ano, a Academia se junta à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para a realização de uma série de atividades em referência ao 8 de março.

 

 

Intitulado Arte: substantivo feminino, o evento ocorre entre os dias 10 e 14 de março e contará com a exposição de obras de artistas goianas no saguão da Alego. No dia 11, uma programação especial inclui a exibição do documentário O tempo que nos habita, da cineasta Simone Caetano, e um sarau com acadêmicas da Aflag. Elas apresentarão suas trajetórias e, também, de suas antecessoras: as patronas da Academia, que reúne nomes como Belkiss Spencière, Rosarita Fleury, Goiandira do Couto, Cora Coralina e Ana Maria Taveira Miguel.

 

“Essas pioneiras, que nos precederam nas artes, na literatura e na música, abriram caminhos para que a mulher contemporânea pudesse traçar sua trajetória de conquistas e sucessos em todas as áreas do conhecimento e dos saberes”, destaca a presidente da Aflag, Elizabeth Abreu Caldeira Brito. As atividades do dia 11 de março serão realizadas no Auditório 2 da Alego e reunirão cerca de 300 estudantes da rede estadual de ensino. Além de divulgar o trabalho de artistas goianas, incentivar a leitura, valorizar e estimular o protagonismo artístico de mulheres, o evento reforça o compromisso da Assembleia Legislativa com a promoção e o acesso à cultura.

 

 

O tempo que nos habita

 

Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, o documentário resgata a história da Aflag e seu legado. Lançado neste ano, o filme é dirigido pela cineasta goiana Simone Caetano e foi recentemente exibido durante a Mostra O Amor, a Morte e as Paixões. “Essas mulheres não só abriram portas, mas criaram caminhos que antes sequer existiam. O filme é uma forma de honrar o esforço e a resistência delas, ao mesmo tempo que nos faz refletir sobre os desafios que ainda persistem”, destaca Simone.

 

Programação Arte: substantivo feminino

 

10 a 14 de março de 2025, na Assembleia Legislativa de Goiás

Exposição de obras de artistas goianas

De 7h às 19h

 

11 de março de 2025, no Auditório 2 da Assembleia Legislativa de Goiás

9h30 – exibição do documentário O tempo que nos habita, seguido de bate-papo com Simone Caetano (cineasta e diretora do documentário) e Elizabeth Abreu Caldeira Brito (presidente da Aflag)

14h – Sarau “De mulher para mulher: as acadêmicas da Aflag e suas patronas”, com

integrantes da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás e apresentação musical de Andréa Luísa de Oliveira Teixeira.

 

Texto: Gabriella Gouvêa

Com: Elizeth Araújo

Este post foi escrito por: Britz Lopes

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