sábado, 13 de setembro de 2025

Brasil e o ópio eleitoral

 

Hiram de Souza – O Brasil seria um país engraçado se não fosse trágico para sua população. Os governos têm se sucedido evidenciando uma preocupação maior em beneficiar suas próprias instituições, seja o legislativo, executivo ou judiciário do que a sociedade que banca esse aumento dos gastos com dinheiro público, propiciando que uns poucos privilegiados tenham uma vida muito diferente do que outros.

 

Na semana passada, Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, anunciou a criação de uma comissão geral para debater a reforma administrativa. Já não era sem tempo, afinal os custos estão elevadíssimos fazendo com que o ministro Fernando Haddad trabalhe dia e noite para arrecadar cada vez mais. Vejam só: o legislativo custa 10,8 bilhões por ano, aproximadamente 0,12% do PIB; o executivo custa 260 bilhões por ano ou 18,2% do PIB, e o Judiciário custou, em 2023, a bagatela de 156,6 bilhões, ou seja 1,43% do PIB.

 

Não existe um dado exato, mas segundo o IBGE, Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística, 60% dos brasileiros vivem com um salário-mínimo, que hoje é de R$ 1.519,00. Considerando os dados acima, chegamos à conclusão que 60% dos brasileiros vivem pendurados em dívidas e/ou nos cartões de crédito. Ocorre que as dívidas e/ou cartão de crédito têm juros e no caso nos cartões são juros escorchantes dignos daqueles agiotas que a gente vê em filmes.

 

Mas por que os juros no Brasil são tão altos? Segundo o presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galipolo, “os juros altos no Brasil são necessários para controlar a inflação que se mantêm elevada devido ao desequilíbrio estrutural”. Quer dizer que gastamos bem mais do que arrecadamos e a taxa básica de juros ou Selic é usada para desestimular o consumo e os investimentos.

 

Sinceramente deve ter uma forma mais lógica de tratar esse assunto, pois desestimular o consumo e os investimentos quer dizer que vamos ter menos investimentos nas empresas e menos empregos, menos negócios. Ou seja, é aquela situação de cachorro doido que corre atrás do próprio rabo.

 

Mas ir direto ao cerne do problema, que seria a redução dos custos da máquina pública, melhorar seu desempenho, ninguém fala. O presidente é um populista que enxerga como solução para todos os problemas a distribuição de dinheiro público, transformando boa parte de população em dependente, viciada no dinheiro fácil do governo.

 

Bolsa Família com 50,5 milhões de pessoas. Auxílio Gás com 5 milhões, Luz para Todos, com 17,5 milhões de pessoas beneficiadas, e outros programas que não lembro agora, mas que estão aí, sendo transformados em uma espécie de ópio eleitoral para enganar o povo.

 

Ilustração: The Opium Pipe,Leon Herbo, sem data /  Private Collection / Bridgeman Image

Este post foi escrito por: Hiram Souza

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2 comentários em "Brasil e o ópio eleitoral"

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