sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Caçarolices – Breakfast ianque

Sanduíche ianque – Foto: Rimene Amaral

 

Faltavam duas semanas para o inverno e Nova Iorque já respirava o Natal. O cheiro de castanhas portuguesas assadas podia ser sentido por toda a ilha de Manhattan, e os Papais-Noéis com sininhos arrecadando doações estavam em todas as esquinas. Depois de uma semana na Big Apple, nosso destino era Stowe, no Estado de Vermont, lá em cima, quase divisa com o Canadá. Estávamos atrás de frio, neve, esqui, comida boa e, é claro, um bom vinho.

 

Saímos de Nova Iorque antes de meio-dia, num carro de aluguel, sem GPS, já que eu havia levado o meu. Seguimos para a rodovia NY-22 N e lá fomos nós. Só não conseguíamos ouvir o áudio do GPS e, por isso mesmo, acabei virando navegador, enquanto minha amiga dirigia.

 

Foram mais de 300 quilômetros e cerca de 6 horas de estrada. O destino final, segundo o GPS, era o pátio da igreja central de Stowe. Sem ideia da direção para chegar ao resort em que ficaríamos hospedados, eu procurava a sintonia de alguma rádio local quando ouvi uma voz na sintonia 103,5. Uma lusitana-gaúcha-nordestina chamada Gabriele, era voz do GPS. E era naquela sintonia que deveríamos estar para que o GPS nos levasse sem transtornos. Provei que sou um bom navegador.

 

O Stoweflake Mountain Resort & Spa fica na Mountain Rd, bem em frente a uma delicatessem que vendia guloseimas deliciosas e vinhos do mundo todo a preços generosíssimos! Não poderia haver lugar melhor na cidade para nos hospedarmos. Antes mesmo do check-in, com neve caindo e temperatura de 3 graus negativos, me rendi ao chamamento da vitrine de vinhos do outro lado da avenida. Afinal de contas, estava frio e precisaríamos nos aquecer.

 

Dia seguinte fomos conhecer a pequena cidade. Parecia aquelas de filmes! Mas antes da incursão, que tal um café da manhã tipicamente ianque? Encontramos um lugarzinho aconchegante, parecia um vagão de trem. Sentamos a uma mesa. Daí vem uma senhora com duas garrafas térmicas numa única mão, servindo café e leite. Na outra mão um cardápio surrado, o que revelava que a tradição ali falava alto.

 

Passei os olhos pelo menu e a descrição de um sanduíche de croissant me chamou a atenção: Croissant recheado com ovos mexidos, creme de queijo e brócolis grelhados, fatias de queijo e crispies de bacon. Babei! Quando a iguaria chegou não acreditei que aquilo era apenas para uma pessoa. Mas com fome e fé consegui devorar tudo, junto com uma caneca generosa de café.

 

É claro que fui obrigado a desenvolver a receita. O meu sanduíche de croissant ficou tão bom quanto. Faltou, é claro, o sabor da chapa de lá que deveria ser da época de George Washington. E com relação a isso não se pode comparar ou tentar ser melhor.

 

Fiz assim:

Primeiro separe os brócolis em pedaços pequenos e cozinhe-os no vapor por 5 minutos. Depois corte-os ao meio e grelhe numa frigideira com manteiga até que fiquem dourados de um dos lados. Reserve. Corte em cubinhos duas fatias de bacon e deixe-os na frigideira até ficarem dourados e crocantes. Reserve também.

Na mesma frigideira, coloque:

½ colher de sopa de manteiga

1 colher de sopa de cebola roxa picada finamente em cubinhos

2 ovos batidos com uma pitada de sal, uma de pimenta-do-reino e uma de noz-moscada ralada na hora

A frigideira não pode estar muito quente. Os ovos mexidos vão coagulando lentamente, em temperatura baixa. Isso faz com que os ovos fiquem cremosos. Neste momento, acrescente os brócolis e duas colheres de creme de queijo. Acerte o sal.

 

Monte o sanduíche:

Primeiro, leve o croissant (eu prefiro o croissant da La Farine – Rua 115, Setor Sul – além de ser excepcional é de tamanho avantajado para o tal sanduíche) ao forno quente (eu faço na air fryer em 2 minutos a 200°) para ele ficar crocante. Corte-o ao meio, coloque uma fatia de queijo Gouda, a mistura dos ovos mexidos com brócolis ainda quente por cima, mais uma fatia de queijo e finalize com os cubinhos de bacon crocantes. Sirva num prato largo. Vai precisar de espaço!

 

 

Rabanada tradicional – Foto: Rimene Amaral

 

Cara e cheiro de Natal

Vamos combinar que uma das coisas boas do Natal e das festas de fim de ano é a comida. Não creio que alguém ouse descordar. E uma das mais tradicionais é a singela e deliciosa rabanada que, aqui nas Caçarolices, ganhou duas variantes que vai fazer você repensar a ideia de sobremesa. Primeiro, a rabanada tradicional, portuguesa quase da gema, com apenas alguns toques pessoais. Depois a rabanada de café que tira qualquer um do sério e da dieta. Por fim, e para agradar a todos no calor do nosso Natal, a rabanada com sorvete. Bora à base de tudo…

 

A rabanada tradicional precisa de um pão de qualidade, que esteja em temperatura ambiente, por, pelo menos, dois dias. As fatias devem ser de aproximadamente dois dedos de largura. Prefira pães mais macios. Mas é questão de gosto.

 

A rabanada tradicional precisa de 1 lata de leite condensado, a mesma medida de leite. Misture bem até homogeneizar. Mergulhe rapidamente as fatias de pão nessa mistura, passe no ovo batido e frite em óleo quente. Para finalizar, polvilhe açúcar refinado com canela.

 

Rabanada de café – Foto: Rimene Amaral

 

Para a rabanada de café basta acrescentar uma xícara de café expresso (ou café coado forte) à mistura de leite com leite condensado, ou uma colher de sopa de café solúvel. O resto do processo é o mesmo. Caso prefira um sabor mais forte, triture o café solúvel e misture ao açúcar refinado e à canela para polvilhar.

 

Rabanada com sorvete – Foto: Rimene Amaral

 

Qualquer uma dessas duas pode receber uma bola de sorvete ao lado. Evite colocar o sorvete por cima para não desmanchar a rabanada. Te prometo que valem as três experiências. Se aguentar, de uma vez!

 

 

 

Não pode faltar na ceia

# Rabanada (receitas acima)

# Panetone (vai sobrar e vai virar rabanada no ano novo)

# Frutas variadas (com reforço na uva)

# Um antepasto (qualquer patezinho bem preparado)

# Pães variados (inteiros e em fatias)

# Castanhas (de caju, nozes, amêndoas e do Pará)

# Uva-Passa (sim, precisa ter!)

# Um assado (há quem não abra mão do peru. Eu prefiro um pernil)

# Uma salada (ou salpicão)

# Uma farofa (pode ser de banana, frutas ou apenas cebola e alho)

# Um arroz (com castanhas, com frutas ou branco com raspinhas de limão)

# Cerveja (porque o calor é destaque)

# Água (com e sem gás)

# Vinhos, é claro! (espumante, branco, rosé e tinto)

E muita criatividade…

 

 

Marinada

Croc-croc: Dê uma superfície mais crocante aos pratos gratinados misturando um pouco de farinha de rosca ao queijo parmesão ralado que normalmente é utilizado.

Forever young: Para conservar a salsinha sempre verde e fresca por até três semanas, lave, escorra bem, coloque em um vidro com tampa e guarde na geladeira.

Cacau: Ao picar ou ralar chocolate, segure a barra com papel-alumínio para que ele não derreta com o calor das mãos. Para obter raspas pequenas, use chocolate gelado.

Truque: Ao preparar caldas, substitua o açúcar refinado pelo cristal, pois ele derrete mais rápido, fica mais fino e não escurece tanto quanto o refinado.

Espuma: Ao fazer musse de liquidificador, quanto mais tempo bater, mais aerada ela vai ficar.

 

Bom apetite. Feliz Natal!

Este post foi escrito por: Rimene Amaral

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

2 comentários em "Caçarolices – Breakfast ianque"

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