Carne de laboratório? Nem pensar!
“Vamos salvar a nossa carne.” Foi com essas palavras que o governador da Flórida assinou uma lei que proíbe a fabricação e a venda da carne cultivada em laboratório no estado. A ideia é focar os investimentos nos criadores de gado locais e proteger a pecuária de alternativas que ainda não são conhecidas pelo grande público.
A agricultura é um grande negócio na Flórida. O estado é o nono maior produtor de carne bovina dos EUA, e a sua indústria local movimenta US$ 900 milhões todos os anos.
Embora tenha sido aprovada para consumo no país em 2022, a carne de laboratório nunca chegou a ser vendida nos mercados americanos e nem conquistou consumidores. Dois restaurantes começaram a servir carne cultivada no país no ano passado, mas pararam logo depois pela baixa demanda e incertezas sobre segurança alimentar.
No mundo, só Singapura e Israel comercializam o produto para consumo. A carne de laboratório surgiu como uma alternativa mais sustentável de alimentação, sendo feita a partir da extração de células de um animal vivo — sem a necessidade do abate.
Pesquisadores afirmam que, em relação à pecuária, a indústria de carne cultivada pode reduzir em 96% a emissão de gases de efeito estufa e diminuir em mais de 80% o uso de água. Mas, mesmo com mais de 10 anos de pesquisas, o produto ainda não vingou. Isso porque a produção chega a ser quarto vezes mais cara, demanda mais energia e os impactos na alimentação a longo prazo ainda são incertos.
O impacto financeiro: as empresas de carne de laboratório receberam US$ 3 bi em investimentos entre 2016 e 2022, e o mercado movimenta cerca de US$ 370 milhões. Enquanto isso, a indústria atual de carne tem impacto de mais de US$ 1 trilhão na economia global.
A Flórida foi o 1º estado americano a banir a carne de laboratório, e ao menos outros quatro têm projetos parecidos que devem ser aprovados. Se a tendência pegar no país, o ngócio pode ser abalado antes mesmo de se consolidar.