sábado, 27 de julho de 2024

Entrevista com a Agnetha que não é do Abba

 

Minha amiga Eliene Cinquetti, que trocou seu nome por Camila, pois lhe soou mais artístico, mora em Palma de Mallorca, uma das belas ilhas Baleares da Espanha, e lá já me recebeu várias vezes. O balneário de praias paradisíacas, onde mulheres de top less convivem nas areias quentes do verão com muçulmanas de burca negra só com janela para o olho, é destino de russo, suecos e ingleses, principalmente. Abonados que têm casas por lá onde passam a temporada de frio congelante em seus países.

 

Um dos suecos é Kjell, amigo de Eliene-Camila, e a simpática senhora Agnetha, também de Estocolmo. Num domingo de minha mais recente visita à ilha, ele nos convidou para um almoço em Sóller, cidadezinha bucólica nos arredores de Palma. Fomos os quatro. Não me lembro do que comi, só não me esqueço do maravilhoso sorvete de limão Siciliano servido na própria casca.

 

Quando retornamos ao apartamento, abrimos um vinho e Eliene-Camila disse que contaria uma coisa, mas eu teria de guardar segredo. Não sou baú, mas vá lá que a curiosidade mata. “Aquela com quem você almoçou hoje é a Agnetha Fältskog, do Abba, que vive aqui no anonimato; não gosta de ser tietada. Se eu contasse na mesa ela se chatearia comigo”. Gente, algo como beijar na boca do Brad Pitt e não poder contar pra ninguém.

 

Ela foi extremamente convincente – deu detalhes da vida dela, sua saída do grupo – que nem me preocupei em dar uma googada. E a Agnetha de Palma, além do nome, tinha a mesma idade da do Abba e se parecia muito – uma mulher bem branca de cabelo louro – que na Suécia é mato.

 

E eu viajei na maionese, planejando como faria uma entrevista com ela sem ela perceber que estava sendo entrevistada. Sou perita nisso. Eliane-Camila ficou muito preocupada em entregar a low-profile Agnetha, mas, com veementes promessas de muito cuidado ela concordou. “Vai ser amanhã, quando nos encontrarmos na praia” – o que já havia sido combinado. Mal dormi de emoção, arquitetando perguntas para a entrevista não-permitida.

 

Levantei excitada na segunda! Seria A Entrevista! Preparei o gravador do celular e chegamos na praia, onde Agnetha já estava. Fui “cercando o Lourenço” com banalidades tipo “o que a atrai em Palma”. Até que fingi me lembrar que o Abba, grupo que cresci ouvindo e dançado também era sueco e perguntei: “Depois do Abba algum outro grupo da Suécia fez tão estrondoso sucesso?” E Eliene-Camila interferiu gargalhando: “Britz apostou comigo que você era a Agnetha do Abba.” Sacanagem. Desmontou por completo a entrevista-furo com a low profile Agnetha, que apesar de muito simpática e ser a cara da outra, não é a do Abba.

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

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5 comentários em "Entrevista com a Agnetha que não é do Abba"

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