sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Farmácia, ambiente terapêutico

Ontem fez um mês que não ia a uma farmácia. Não que eu necessite de algum remédio tarjado que justifique as visitas sistemáticas! Eu frequento a Raia, Pacheco e Drogasil – dependendo da camaradagem dos descontos – para comprar minhas pílulas de beleza, uma lista de vitaminas e comprimidos para a imunidade, creminhos que prometem amenizar os pés de galinha, além de shampoos com rótulos mentirosos, mas embalagens atrativas – às vezes adquiro frascos que nada tem a ver com o meu tipo de cabelo, mas com visual que vai me dar prazer. No auge da pandemia ai semanalmente, com roupa equivalente a de ir ao shopping. Acontecimento!

Dei um tempo porque a minha prateleira do guarda-roupa onde ficam fármacos e dermocosméticos atingiu sua capacidade máxima de armazenamento. Tudo organizado por data de validade, diga-se. Também porque o pinga-pinga no cartão de crédito – parcelado até as últimas consequências – me assustou. O que é bom, custa caro mesmo. Mas farmácia é um fetiche. Amo mais que empório, supermercado ou loja de roupas e calçados – só perde para as de óculos, acho. Quando vou para outros países, é o primeiro estabelecimento que confiro. Gasto horas traduzindo as bulas enganadoras. Amo também ser engambelada, já que, quando apaixono pelo produto, levo de qualquer jeito.

Acontece que ontem mesmo, no começo da tarde, um SMS gritou as promoções da semana e meu período de detox farmacêutico acabou. Troquei logo a roupa da academia por uma mais apresentável, sem tomar banho ainda. Máscara cor-de-rosa, sandália prateada e estacionei na vaga costumeira de uma delas. Poderia ter ido a pé, mas pensei no volume que teria de transportar. Parei na porta, ajustei a máscara, me demorei no capacho com desinfetante e, como que desfilando num tapete vermelho, lentamente fiz o uso do álcool gel, subi na balança, catei a cestinha.

Perguntei sobre as novidades em vitaminas para o meio do verão – me decepcionei, pois já conhecia todas. Dei volta olímpica por entre todas as prateleiras. Era eu de volta ao parque de diversões. Mas acabei notando que maioria dos itens da minha wish list ainda não carecia de reposição. Fui ao caixa com um único frasco de vitamina D para não decepcionar as atendentes, perder a viagem e fazer jus ao disparador de SMS. Lá encontrei Alice, ex-colega de academia que, no nosso último encontro, contou da Covid do pai e suas consequências que preocupavam toda a família. “Ele está completamente curado e sem sequelas”, disse. Fui embora leve, com zero de ansiedade por causa da boa notícia. O bem do outro me cura mais do que remédio. As sessões de “farmaciaterapia” serão sempre mensais a partir de agora.

 

 

 

Este post foi escrito por: Britz Lopes

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1 comentários em "Farmácia, ambiente terapêutico"

  • Anna Paula Anna Paula disse:

    Você me mata de rir 🤣 !!!a única farmácia que amo é a Santa Maria Novella que completou 800 aninhos !! Depois vou fazer uma reportagem para Voce que agora ir lá também !!! Adorei sua ida na farmácia 👏👏👏👏👏

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