sábado, 27 de julho de 2024

Frango caipira no Toniquinho e rock and roll digestivo

 

Marcio Fernandes — Estou em Pirenópolis há praticamente um quarto de século e não conhecia o Antônio Luiz Bernardo, 68 anos, o famoso Toniquinho. Proprietário do Recanto do Geribá, restaurante às margens do Rio São João, a 18 km do Beco do Sapo, afluente do Rio das Almas e integrante da Bacia Amazônica.

 

Definitivamente, Toniquinho faz o melhor frango caipira de todos os Pireneus, acompanhado de pirão, quiabo, arroz e feijão. Comi até passar mal, pois antes rolou um torresmo expressivo. No restaurante ainda se come regiamente costelinha de porco, carne serenada e grande linguiça de porco mesmo com ovo frito de gema mole.

 

 

Toniquinho é um capiau goiano legítimo e instruído, que fez de tudo na vida e tem sempre uma história para contar, não importa o assunto na mesa. Ele vai pra cozinha e resolve o serviço sem pressa. É conversador, tem a piada pronta e providenciou até um repelente de inseto.

 

Apesar de ser pirenopolino nascido na roça, exatamente na Fazenda Subirina, no Engenho de São Benedito, Toniquinho é 25% eslavo. Seu avô, Simon Triers, moscovita, saiu da Rússia fugido do que ele não sabe o quê, no começo do século passado e veio parar em Goiás, onde ninguém era encontrado.

 

 

Triers era engenheiro elétrico e, junto com outro russo, construiu a primeira usina hidrelétrica de Pirenópolis, cuja barragem hoje virou balneário na chamada Usina Velha. Para quem gosta de tomar banho de rio, é só vir para o restaurante do Toniquinho para apreciar gratuitamente poços e pequenas cachoeiras sem turista.

 

Toniquinho gosta de contar história de uma onça parda que habita a região do restaurante, mas que não incomoda ninguém. De acordo com ele, há no Vale do Rio das Almas muita fartura de bicho que serve a onça no topo da cadeia alimentar.

 

 

Me lembrei do Figueiredo, figura folclórica do saudoso bar Dom Quixote em Goiânia, que andava armado e se orgulhava de ser matador de onça por encomenda. Figueiredo, todo sábado, chegava com história de caçada de onça com zagaia. Não sei dizer se era verdade.

 

Na volta da prosa boa com Toniquinho, o fotógrafo e chef qualificado Juan Pratginestós, abriu o som do carro com muito rock and roll do passado. Juan veio dirigindo bem devagar para que coubesse na viagem Rock’n Me, Start Me Up, Sweet Emotion e Don’t Stand So Close to Me. Ainda rolou um licor espanhol 43 com café para fechar o dia em alta, pois ontem teve piau para celebrar a superlua no céu do Beco do Sapo.

 

Texto e fotografias Marcio Fernandes

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Este post foi escrito por: Marcio Fernandes

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