sábado, 27 de julho de 2024

Caçarolices

 

Por Rimene Amaral, jornalista formado pela UFG, fotógrafo e assessor de imprensa

 

 

Mise en place

 

Um dia a gente está à beira do fogão de casa, grelhando fatias de berinjela para uma parmegiana acompanhada de um vinho rosé frisante italiano, depois de uma corrida no parque e… pluft! No outro estamos vivendo uma pandemia. Ã?! Antes de terminar de comer todo o recipiente do refratário do meu jantar, eu já sabia o que é, de fato, uma pandemia. Juro pela vacina, a minha maior preocupação – depois da saúde da minha mãe – era de engordar, uma vez que – óbvio – eu passaria metade do dia na cozinha. Bingo! Tivesse acertado assim a última Mega Sena da Virada, você não estaria lendo este texto.

E eis que me vejo domando o tempo, durante o confinamento, dentro da cozinha, como previsto. Misturas refinadas de muita coisa para criar outras coisas que serão tão boas que merecem ser espalhadas. Nas cidades do interior é assim. Receitas boas e fáceis correm o quarteirão. E se você nunca morou no interior pra saber o poder de comunicação de uma receita bem sucedida, você nunca vai saber.

E é essa vontade de que as pessoas provem aquela invenção tão boa que nos move, os que gostam de interagir com o forno e o fogão. Um dia eu acordo querendo inventar de novo e me visto de disposição. Daí eu vou pra cozinha. Garimpo ideias, vontades, as gavetas da geladeira… e sai uma coisa que é quase inacreditável de tão bom. Tudo muito simples, tudo feito rapidinho e que traz um efeito surpreendente à alma. Sim, a gastronomia atinge a alma, mexe com os sentidos. Traz satisfação. Alimenta.

Depois do forno e do fogão, os pratos vão para a mesa da fotografia, é claro, porque fazer e não registrar é quase como não ter feito. Quase.

Então, a partir de agora, você poderá participar de várias descobertas e invenções, experimentar sabores diferentes e combinações – algumas delas pouco convencionais, diga-se – que podem mudar a sua forma de pensar sobre comida e podem fazer com que o seu paladar também fique mais apurado. Tudo sem segredo.

Periodicamente, Caçarolices trará uma caçarola cheia de receitas, histórias, pequenas crônicas, sabores, dicas para quem quer se enveredar pelo mundo paralelo da cozinha e, lhe garanto, fotografias caprichadas que podem ser devoradas com os olhos.

Então, lave as mãos, amarre um avental à cintura, garimpe sua geladeira e dispensa e vamos ao mise en place. No final a gente vê o resultado.

Bon apetit!

 

“A comida sem tempero é como a vida sem paixão: não tem sabor e desconhece-se o prazer” – Oscar Wilde, escritor, poeta e dramaturgo irlandês

 

 

Arroz

 

Um dos alimentos mais consumidos no mundo, fonte de energia, fibras e carboidratos completos é essencial para uma dieta saudável. Não é à toa que o branquinho ganhou até data comemorativa: 31 de outubro, também Dia das Bruxas. Deve ser porque com o arroz pode-se fazer misturas inimagináveis e deliciosas. O arroz é capaz de suprir 20% da energia e 15% da proteína da necessidade diária de um adulto, além de conter vitaminas, sais minerais, fósforo, cálcio e ferro, segundo a Organização das Nações Unidades para Agricultura e Alimentação (FAO). Mas além do arroz branco, o cereal também é muito versátil e não apenas um acompanhamento. Arroz como prato principal requer apenas criatividade. E um arroz de ervas e especiarias, perfumado e soltinho, pode render elogios e sabores incríveis. Vamos lá?

Em azeite quente coloque alho – amassado em rodelinhas finas –, cebola roxa picadinha e gengibre picadinho e refogue até dourar tudo. Acrescente açafrão, pimenta dedo de moça sem semente picadinha, alecrim fresco, tomilho, manjericão e sálvia (ervas a gosto). Junte o arroz e refogue normalmente. Para cozinhar use um suco: bata no liquidificador água com folhas de couve e/ou espinafre. Quando estiver cozido e antes de secar totalmente, acrescente raspas de limão, cenoura ralada e salsinha picada.

Vai me dizer que não salivou? Eu acrescentaria só um ovo frito, com clara queimadinha e gema mole por cima. Aff!

 

E esse jilozinho?

 

Mamãe plantou seis pés de jiló no quintal. Eles produzem de uma vez – e muito -e é preciso inventar receitinhas diferentes para não enjoar. Chips pra comer sem culpa alguma, feitos na airfryer, sem qualquer aditivo. Depois de 30 minutos a 100 graus – tendo o cuidado de dar uma revirada a cada 5 minutos. Quando estiverem crocantes, coloque sal (pimenta do reino moída na hora também é bem-vinda). Simples assim. Claro que tive de abrir uma cerveja.

 

 

Pequenos momentos, grandes prazeres

Finzinho de tarde, tempinho fresquinho depois de chuva de primavera e o corpo pede algo aconchegante. Que tal um chazinho de capim santo com biscoito de queijo?

 

Jabá

A baguete de queijo gruyere e o pão de figo da La Farine é algo pra se comer de joelhos. Mas os croissants… Ah, os croissants! As fornadas saem diariamente, mas para quem não quer perder o bonde, pode fazer as encomendas pelo Whatsapp. Nas redes sociais (Instagram) você encontra os contatos. La Farine fica na Rua 115, no Setor Sul.

 

Notícias da cozinha

 

Welcome Back – Depois de ficar renegado à pizza, o orégano está de volta. Acabaram descobrindo que a folhinha, fresca ou seca, tem inúmeras propriedades. Então, traga a pizza. E o orégano!

Raiz – O gengibre também tem grandes poderes medicinais. Usá-lo na culinária já faz parte da tradição oriental. Motivo de sobra e momento propício para adotá-lo no prato. E, por ser termogênico, ajuda a acelerar o metabolismo.

Anti-vampiro – Que o alho tem suas propriedades, todos sabem. Mas a novidade é que ele é um super-herói muito mais poderoso cru. É o superman dos temperos.

Ouro – Sabe a cúrcuma? Aquele que a gente chama de açafrão da terra? Pode usar e abusar também. A média recomendada é de uma colher de sopa por dia. Benefícios mil.

 

 

Vocabulário de forno e fogão

 

Bouquet garni: literalmente, significa “ramalhete guarnecido”. Indica o molho aromatizado com um conjunto de ervas, em geral: tomilho, salsa, louro e manjericão. Mas há versões variadas. O sabor é seu.

 

Marinada

 

Sabor inusitado – Figos maduros com queijo meia-cura e mel. Só pra elevar a mente e o espírito.

Bem simples – Queijo coalho assado até ficar moreninho e servido com mel e folhas frescas de alecrim picadinhas.

Suave – Bulbo de erva-doce picadinho para perfumar aquela carne de panela suculenta, cozida com molho de tomates.

Sandubinha – Queijo brie, geleia de damasco e berinjelas grelhadas com azeite. Tudo dentro de duas fatias de pão de castanha ou uma boa baguete.

Drink – 1 xícara de suco de abacaxi, 1 xícara de suco de laranja, ½ colherinha de café de gengibre ralado, gelo picado e espumante em dobro.

Vegano – Substituir a carne moída por batata cozida e amassada é uma alternativa deliciosa para o quibe. Acrescente castanhas para ficar melhor ainda. Assado ou cru.

Do leite – Iogurte grego de café… Já experimentei algum tempo atrás e, novamente, vi em um seriado. Nunca mais vi. Alguém dá notícia?

 

Até a próxima…

 

 

 

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Este post foi escrito por: Rimene Amaral

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

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