sábado, 27 de julho de 2024

No Brasil, furto se institucionaliza e vira lei

 

Meus amigos! Quando o nosso caro Congresso, em 2018, se locupletou em nossos bolsos, com a criação do Fundo Eleitoral no valor de 1,7 bilhão, fomos convencidos de que esse valor seria pequeno se considerássemos a importância do sistema democrático. De lá para cá, tivemos substanciais aumentos para satisfazer essa autêntica “deep throat” que nos habituamos a chamar de democracia. Em 2021 subiu para 2,1 bilhões, em 2022 para 4,9 bilhões e essa montanha de dinheiro tem sido sistematicamente distribuída aos senhores possuidores de mandato. Dinheiro público para fazer campanha para pessoas físicas, não devemos esquecer que ainda tem o fundo partidário, que em 2022 distribuiu mais de um bilhão.

 

Toda essa farra crescente feita em nome da democracia foi instituída porque proibiu-se que empresas fizessem doações a partidos e/ou a políticos. Todos gostaram da ideia; os empresários porque tinham a desculpa oficial para não dar dinheiro para os políticos e os políticos porque não precisavam mais fazer o tradicional beija-mão dos empresários.

 

Essa ideia surgiu das entranhas do Superior Tribunal Federal, hoje mais conhecido como STF — nome mais curto para poder ser colocado nas notícias que costuma gerar, tal a agilidade em que se envolve em assuntos fora da sua alçada. Dessa forma o STF, de uma canetada, acabou com a farra da distribuição de dinheiro pelas empresas. E o motivo alegado foi a “equalização” entre todos os candidatos.

 

Ou seja, o Zezinho que não tem amigo empresário estaria sendo prejudicado pelo Joãozinho que é primo do dono da fábrica de papel higiênico. E assim, como nas histórias da carochinha, todos ficaram muito felizes e continuam até hoje, porque teoricamente ninguém precisaria mais pôr a mão no bolso. O dinheiro para a “sustentação” da democracia passaria a vir do cofre da viúva. Ou seja, dos impostos que todos nós pagamos. Sério? Todos pagam?

 

Como todos também sabem, quem tem dinheiro para pagar bons advogados e/ou contadores, pagam menos impostos do que o povão que tem descontado na folha de pagamento e, portanto, não tem chance de sonegação. Caros leitores, com o passar dos anos esse estupro tem sido inevitável. Aproveito para lembrar que já a partir do próximo ano teremos eleições para prefeitos e vereadores, que serão os cabos eleitorais dos candidatos que, em 2026 estarão disputando as vagas de governador, senador, deputados estaduais e federais que também precisarão ser subsidiados.

 

Assim, prevejo que, como já ficou combinado anteriormente e sem nenhuma reação de quem quer que seja, a viúva vai pagar a conta com o dinheiro dos impostos recolhidos do povão.

 

E já que estou trazendo más notícias, lembro também que temos no Brasil 5.568 municípios (ou currais eleitorais) porque na verdade 86% deles não se sustentam sem ajuda federal, mas que representam mais de 57 mil vereadores ou cabos eleitorais desse fantástico sistema político eleitoral que já sobrevive desde 1988, quando o Dr. Ulisses, que queria ser presidente e não tinha votos para tal empreitada, transformou a chamada “Constituição Cidadã” em uma constituição parlamentarista em um regime presidencialista.

 

A propósito, vocês já leram ou ouviram notícias sobre “emendas parlamentares”? Pois é, isso faz parte da nossa democracia, ultimamente muito mais demoniocracia.

 

Hiram Souza é empresário, marqueteiro de longa data, aos 80 anos de jornada o que permite ter uma janela holística para o mundo. Com leve humor escreve sobre assuntos ligados à política, comportamento, educação e brasilidadade

 

Ilustração: João Colagem

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Este post foi escrito por: Hiram Souza

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