sexta-feira, 26 de julho de 2024

O amor do sonho que o tempo levou

 

Quem aí já acordou no meio da noite e, ao voltar a dormir, retornou para a mesma cena do sonho? Estranhamente, isso tem acontecido com a Paula – nome fictício com certa regularidade. Em alguns casos, coisas sem sentido. Em outros, momentos compartilhados com pessoas do seu passado.

 

E foi nesse cenário que ela acordou numa segunda-feira, dia 27 de novembro. Data que antecede uma forte lua cheia em Leão, conhecida como o dia do amor, também da alma gêmea. A junção dos fatores a levou mais uma vez ao passado. Mais especificamente, em uma história que aconteceu há 33 anos — mas que Paula ainda consegue tocar e sentir de muitas maneiras.

 

Embora a vontade de entrar em contato com um dos personagens dessa história fosse enorme, ela recuou. Segundo Paula, de certa forma, seu relato fará com que essa história não morra. Em suas palavras, “colocar pra fora deixa as memórias vivas”.

 

Voltando pro sonho — ou pro passado —, os olhos de Paula e do Renato se cruzaram na pista de dança. Conversaram muito, mas já estava tarde e ela não queria ir embora da festa com um desconhecido.

 

Ainda assim, eles trocaram telefone — fixo, em 1986 não havia celular — e na semana seguinte combinaram de se encontrar. O primeiro beijo foi o mais arrebatador da vida da Paula, e eles não se desgrudaram mais. Se viam diariamente e, quando não estavam juntos, faziam do telefone um instrumento valioso. Juntos, descobriram e experimentaram muita coisa. Entre elas, a mais importante foi o amor.

 

Apesar disso, os dois eram muito jovens e a imaturidade também se fez presente em muitos momentos. Em uma dessas, Paula decidiu terminar com o Renato — e nunca voltou atrás. Embora sentisse verdade nas palavras dele sobre seus sentimentos, não confiava nas suas ações. A dor era quase física, mas ela se manteve firme em sua decisão.

 

Na adolescência, teve outros namorados e paixões. Viveu momentos gostosos e frios na barriga, mas tem certeza que nunca experimentou nada igual ao que sentira pelo Renato.

 

Muitos anos depois, vivendo uma forte crise matrimonial, Paula resolveu procurá-lo. Com o coração saindo pela boca, tentou o antigo telefone. A mãe de Renato não quis dar o contato dele, mas o avisou da ligação. Quando ficou sabendo, imediatamente, ele retornou.

 

A emoção dos dois foi escancarada. Ele contou que tinha procurado ela há alguns anos, mas que sua família não quis passar seu contato. Afinal, ela estava casada, feliz e com filhos pequenos.

 

No telefone, eles confessaram que nunca haviam se esquecido e que ainda se amavam. Mesmo assim, entenderam as dificuldades do momento e resolveram não se encontrar. Durante muitos anos depois dessa ligação, a Paula e o Renato mantiveram contato trocando e-mails. Contavam da vida, dos filhos, das dificuldades financeiras e sentimentais. Lamentavam do tempo passando rápido, dos desencontros e do sentimento que nunca se esvaía.

 

Em alguns momentos, Paula, decidia dar um tempo nas conversas, em outros, era o Renato. Ficaram assim por um tempo, até que entenderam que era melhor cortar isso de vez.

 

Ainda assim, a lembrança — que está sempre presente — mantém viva uma história que não aconteceu de fato, mas que nunca morrerá. Como no filme “Pontes de Madison”, ficou no quase de uma maçaneta que não foi aberta. Aquele “quase” que não foi a luz no fim do túnel, mas um dos vaga-lumes mais bonitos do caminho.

 

Com: The News

 

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Este post foi escrito por: Britz Lopes

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

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