O peso da pena, por Hiram Souza
Mamãe e as placas — Dona Elvira, minha mãe, era professora primária do velho estilo: queria que o aluno aprendesse. Dava reguada, beliscão, era duríssima. Mas é ainda bem lembrada por seus alunos: todos saíam do primário lendo, entendendo, escrevendo (e com grafia correta), sabendo aritmética, conhecendo todos os hinos patrióticos. Mamãe não teve tempo de conhecer os cartazes, placas e faixas que de vez em quando aparecem na Internet: “Todos os pratos que servimos contêm glúteos”; “calda de lagosta grelhada”; “carne de frango bovino”. E, claro, o clássico “Mamãe obrigado por ter me tido”.
Transgressões
Não faz muitos anos, houve um simpósio de segurança de trânsito em São Paulo, com a participação de um especialista americano de renome mundial, daqueles que escolhem a universidade em que vão dar aulas.
Na hora do especialista, ele entrou tranquilo, foi para a mesa e nem se sentou: disse que jamais tinha tido a experiência de visitar um país em que era mais importante proteger o cotovelo do que a cabeça. Estava impressionado com a quantidade de motociclistas que andavam com a cabeça descoberta e usavam o capacete pendurado no cotovelo. E, como esse fenômeno ele não conhecia, não ia falar nada: aproveitaria o seminário para ouvir e aprender.
Sem nomes eu conto
O personagem foi um político de importância. Um dia, o pai de uma jovem linda, menor de idade, chamou jornalistas para acusá-lo de ter engravidado a filha. Tinha montado uma bela armadilha: fotos do político na recepção de um hotel, foto da ficha com o número do apartamento (e, outro problema, nome falso na ficha), foto da filha entrando no mesmo apartamento e sendo recebida pelo referido político. Mais tarde, soube-se que o próprio pai tinha oferecido a filha, mediante módico pagamento, para facilitar as coisas.
Bem, como jornalista, conversei com os amigos mais chegados do político em questão. Nenhum acreditava que ele tivesse engravidado a moça. Alguns diziam que ele era cauteloso demais para isso; outros garantiam que ele tinha feito vasectomia exatamente para se prevenir contra armadilhas desse tipo. Mas nenhum – nenhum. Nenhum – negava a história: todos sabiam que, se tivesse qualquer chance, ele jamais a perderia.
Esclarecendo
Debate na Câmara Federal entre dois deputados paulistas, um deles cacique político de uma grande cidade. O nível foi baixando até que o cacique jogou pesado: “Vossa Excelência fique quieto. Vossa Excelência é veado!” O outro rebateu: “E daí? O filho de Vossa Excelência também é veado”. O cacique encerrou o papo: “Vossa Excelência está enganado. O meu filho não é veado. O meu filho é gilete”.
Post escrito por Hiram Souza, publicitário e jornalista