O único amador que deu certo foi o Amador Aguiar
Se você não ligou o nome à pessoa, Amador Aguiar foi presidente do Bradesco (na sua época, era Banco Brasileiro de Descontos) e ajudou a colocar o banco numa posição privilegiada entre as outras instituições brasileiras. Mas ele era extremamente profissional: acordava cedinho, visitava as agências, conversava com os funcionários, clientes e com seus métodos de gestão, posicionou o Bradesco em primeiro lugar entre os bancos privados no Brasil. Posição que ocupa até hoje, graças ao seu marketing agressivo.
Quero dizer que, qualquer que seja a sua profissão, tem que ser muito profissional pra dar certo. A igreja evangélica dá muito certo porque seus dirigentes são especializados em vender sonhos e milagres. Falam a linguagem que o povo entende e convencem tanto que tiram o dinheiro de quem nem tem tanto assim, e o fiel contribui para conseguir o futuro próspero.
Já vi motoristas de Uber e táxi que agradam seus fregueses com balinhas, revistas e jornais, e por esse tratamento diferenciado, ganham boas gorjetas e se destacam dos demais que apenas fazem o óbvio.
Tem o caso do segundo mais famoso camelô do Brasil, David Mendonça, do Rio de Janeiro. Começou sua profissão com 12 cruzeiros na década de 80, morava de aluguel na Rocinha e começou a usar o dinheiro para comprar doces. Vendia tudo, ia investindo mais, montou uma banca conhecida como banca do David, e chegou a oferecer mais de 300 itens diferentes.
Criou diferenciais, como um call center nos orelhões próximos à banca que oferecia delivery nos anos 90, criou cartão fidelidade que dava uma limpeza nos dentes numa clínica parceira a cada 10 compras, dava bombons mesmo pra quem não comprava nada. Pra encurtar a história, David fez palestras por todo Brasil para executivos de multinacionais e visitou vários países do mundo. Em 2006, recebeu o prêmio de Melhor Palestrante do Mundo concedido pela World Confederation of Business. E, glória suprema, teve sua história contada num livro de Philip Kotler, o pai do moderno marketing. Profissional desde camelô.
Tem também a história do fundador da TAM, o Comandante Rolim Amaro, que criou a mística do tapete vermelho para receber seus passageiros, criou atendimento diferenciado nas salas VIP dos aeroportos de Congonhas e Santos Dumont e elevou a pequena TAM Transportes Aéreos Marilia, que começou operando só em aeroportos do interior, na poderosa Latam, em associação com a LAN Chile.
E temos casos de garotas de programa profissionais não só na prestação de serviços como e principalmente, na sua divulgação. Sem nenhum pudor, essas modernas GPs, como são conhecidas, divulgam abertamente suas habilidades. Apenas vou mencionar, já que não conheço os resultados que atingem. Tem uma catarinense, Maikelly Muhl, que começou divulgando seus malabarismos sexuais em vídeos e hoje tem conta no Onlyfans. Ela cobra 4 mil reais por sessão de 1 hora e ainda dá nota fiscal mencionando Assistência Corporal, para que o seu cliente, executivo, possa lançar na contabilidade da empresa. Fraca, hein?
E tem uma outra, Nanda, que plotou seu carro inteiro, os dois lados, capô e porta malas, como vocês podem ver nas fotos. Ela faz um trabalho itinerante, em várias regiões do Brasil, incluindo Goiânia, e não se abala em dirigir o carro outdoor pela cidade. Afinal, ela está divulgando seu trabalho por onde passa e abrindo novos mercados. É o mesmo que plotar o carro com adesivos da Herbalife. Ela está vendendo seu serviço, faz questão de anunciar e deve ter orgulho da profissão. Isso é muito visível na frase-conceito que ela marcou no para choque: SEXO É IGUAL A COMIDA, TODO MUNDO SABE FAZER, MAS NEM TODO MUNDO FAZ GOSTOSO.
Pra sobreviver no mercado, tem que acreditar no que faz e ser profissional. O Amador que deu certo já morreu, infelizmente.