segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Os novos templos das baladas

 

Um fenômeno curioso se passa na Europa. Muitas antigas igrejas que foram desativadas principalmente por causa do declínio da frequência religiosa estão sendo reaproveitadas e transformadas em uma variedade de novos espaços, incluindo locais de entretenimento, como bares, restaurantes e, sim, baladas ou casas noturnas.

 

São chamadas de Igrejas Reconvertidas. O principal motor dessa transformação é a secularização em muitos países europeus, que resultou no abandono ou desuso de inúmeros templos históricos. Para evitar que esses edifícios icônicos e caros de manter entrem em ruínas, eles são vendidos ou alugados para fins comerciais e culturais.

 

Exemplos notáveis de conversões em locais com “clima de balada” ou entretenimento incluem: bares, pubs e casas coturnas:

 

The Church (Dublin, Irlanda): uma antiga igreja do século XVIII que hoje funciona como um grande bar, restaurante e casa noturna (The Club @ The Church).

Spirito (Bruxelas, Bélgica): uma igreja convertida em uma boate.

Paradiso (Amsterdã, Holanda): uma igreja do século XIX que se tornou uma famosa casa de shows e balada de rock.

Alma de Cuba (Liverpool, Inglaterra): um bar e restaurante que ocupa a antiga Igreja de St. Peter e promove aulas de salsa e noites latinas.

LimeLight (Nova York, EUA): embora nos EUA, é um exemplo famoso de igreja que virou boate e depois centro comercial.

 

Outros usos: muitas dessas igrejas desativadas também viram hotéis, livrarias (como a Selexyz Dominicanen em Maastricht, considerada uma das mais bonitas do mundo), museus, cafés e até piscinas públicas em projetos de reuso adaptativo para preservar o patrimônio arquitetônico.

 

O conceito “culto-balada” — Além da reconversão dos edifícios desativados na Europa, em alguns círculos religiosos contemporâneos, especialmente em igrejas evangélicas e megaigrejas, o termo “igreja-balada” ou “culto-balada” também surge para descrever um estilo de culto que adota elementos visuais e sonoros associados a casas noturnas.

 

Essas práticas visam, muitas vezes, atrair o público jovem e incluem iluminação de casa noturna com uso de luzes de LED, spots e efeitos de palco que se assemelham a um show ou balada; música alta e estilo moderno; louvor com arranjos musicais contemporâneos e volume alto.

 

Nesses locais são promovidos eventos como sunsets ou festas com drinks sem álcool, em um ambiente social e descontraído que lembra o formato de uma festa. Essa abordagem, no entanto, é frequentemente criticada por segmentos mais tradicionais, que a veem como uma distorção dos princípios do Evangelho e uma invasão do comércio e do entretenimento no templo, como sugerem alguns comentários de teorias de “evangelho do consumo” ou “falsa doutrina”.

 

Este post foi escrito por: Britz Lopes

As opiniões emitidas nos textos dos colaboradores não refletem necessariamente, a opinião da revista eletrônica.

2 comentários em "Os novos templos das baladas"

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