segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Os vinhos de uvas raras da Sardenha

 

 

Não é à toa que a ilha da Sardenha, na Itália, possui, junto com Okinawa, no Japão, a maior concentração de centenários do mundo. Ali naquele pedaço privilegiado come-se e bebe-se muito bem. A dieta Mediterrânea está no cardápio diário dos pouco mais de 1,6 milhões de habitantes e sempre acompanhada do vinho local, que é o nosso assunto de hoje.

 

 

Apesar de ser uma das mais antigas regiões vinícolas da Itália, lá a produção tradicionalmente ainda é praticada em escala muito pequena, reservada para a família e para os amigos da aldeia. Por toda ilha o que se via eram minúsculas propriedades cercadas por fileiras de vinhas e de oliveiras. Mas isso vem mudando, pois os pequenos produtores estão implantando vinícolas bem-equipadas, com foco em produzir vinhos de qualidade a partir da diversidade de uvas da ilha.

 

 

Variedade que, aliás, nada tem a ver o resto da Itália, mas possui o terroir ideal para a Grenache espanhola, uma das uvas mais populares do planeta, que na Sardenha é chamada Cannonau. Isso porque, acredita-se que a Cannonau seja descendente de uma cepa espanhola de Grenache tão antiga que ao longo dos séculos foi se adaptando à paisagem rugosa, à altitude e ao clima ensolarado da ilha.

 

Olha a lagosta para ser apreciada com um Vermentino em baixa temperatura. É pra salivar mesmo!

 

Trata-se de uma uva mais escura e mais rica em polifenóis, antioxidantes benéficos – o que explicaria a longevidade dos habitantes da ilha. Os vinhos produzidos a partir da Cannonau são em geral de teor alcoólico e acidez baixos, com sabores redondos e aromas de frutas vermelhas e tabaco.

 

 

Além da Granache/Cannonau, a Cariñena/Carignan e a Bobal, também de origem espanhola, e a Cabernet Sauvignon francesa são outras promessas dos vinhos da Sardenha. Enquanto que as variedades mais italianas são a Malvasia Rosé, a Moscato Branca e a Vermentino Branca. Mas os produtores da ilha lidam com várias outras uvas locais, muitas praticamente desconhecidas de outras terras, a exemplo da Nasco, Niederra, Torbato, Semidano e Naragus.

 

A Cannonau é a referência do tinto, assim como a Vermentino é a do branco; fresco e frutado, e consumido aos galões, principalmente no ardente e delicioso verão sardo, observando paisagens como a da elegante Costa Esmeralda, onde, nos restaurantes mais badalados, é sempre a melhor harmonia com um prato típico da ilha, a tradicional salada de lagosta, ou lagosta à moda da Sardenha. É puro deleite!

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Este post foi escrito por: Anna Paula Guerra

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