Problemas com o sutiã da Rainha
Não fosse um entrevero tamanho gigante com a empresária June Kenton, corsetiere (uma alfaiate de peças íntimas) que atendeu a família real britânica ao longo de 60 anos, a rainha Elizabeth II seria enterrada com ligerie da marca de luxo Rigby & Peller, empresa fundada em Londres, e que tinha o mandato para fornecer peças íntimas para realeza.
Acontece que June, a dona da grife, não se conteve e lançou um livro que atingiu como um raio o humor da rainha: chama-se Storm in a D-Cup (mais ou menos como tempestade numa taça tamanho D), aproveitando cada detalhe das visitas de prova de sutiãs que fazia com Betinha. Daí, claro, perdeu o tal selo que dá direito a muitas marcas serem fornecedoras da realeza.
A obra, autobiográfica, foi publicada em 2017 com riqueza de detalhes sobre suas idas ao palácio de Buckingham, onde aconteciam os rituais de prova. A autora, que também trabalhou para outros membros da família real, incluindo a Rainha Mãe e a princesa Margaret, derrapou feio. Disse que não escreveu nada para desagradar ninguém, que estava muito triste e que a atitude era inacreditável. Mas, foi lindo. Ou feio, né? Afinal, Betinha era a discrição em pessoa.
Esperneou até, mas foi cancelada assim mesmo sem maiores declarações e perdeu o tal selo de fornecedora real. O que será mesmo que ela esperava de Buckingham? Um chá das cinco para um evento de autógrafos tendo Betinha como anfitriã?
June Kenton comprou a empresa com seu marido em 1982 por 20 mil libras. Em 2011, ela vendeu a maior parte das ações, mas continuou no conselho. Segundo ela, o livro é apenas uma “história gentil sobre o que aconteceu na minha vida”. “Durante toda a minha vida eu fui honrada, é inacreditável que eles não tenham gostado”, lamenta. “Talvez eu devesse ter mandado para eles antes, mas não achei que seria necessário.”