Rasguei meu título de eleitor
Caros amigos, leitores e humoristas resilientes que habitam esse País chamado Brasil. Há muito tempo o diplomata e escritor português Eça De Queiroz escreveu um texto que foi copiado por José Simão, jornalista com ácido senso de humor que adaptou o texto original para um linguajar mais moderno. José Simão trabalha na Folha de São Paulo, jornal mais ácido ainda, e que nesse momento deve estar envolvido em um enorme L
Disseram eles, Eça de Queiroz e José Simão, que: “O congresso brasileiro se gradear vira zoológico, se murar vira presídio, se cobrir com lona vira circo, se iluminar com lanterna vermelha vira puteiro e se puxar a descarga não sobra ninguém”. Considerando os últimos acontecimentos, acho que a descrição serve para o País como um todo, não só para o congresso.
Sinto o nosso querido Brasil coberto por uma lona gigante de circo com diversos tipos de palhaços, os que, como eu, carregavam com orgulho um papel que antigamente a gente chamava de título de eleitor, mesmo não tendo necessidade de votar deste os 70, vinha, eu disse VINHA, cumprindo o chamado dever cívico de votar.
Mas, como diz o jornalista José Simão, se puxar a descarga não sobra ninguém, eu resolvi puxar a descarga para meu titulo de eleitor. Mandei esse documento bem como o “dever cívico” literalmente à merda! E o pior é que isso acontece por vontade exclusiva de meia dúzia de juízes, ministros, ou seja, lá o nome que queiram dar para esses usurpadores do poder que, segundo a Constituição, emana do povo.
A propósito, de que povo estamos falando? Dos que ficaram feito bestas tomando sol e chuva em frente aos quartéis ou os que foram de vermelho a posse de um governo eleito sem possibilidades de qualquer comprovação por ordem desses mesmos juízes? Honestamente, me sinto completamente perdido.
Como os resultados das urnas não podem ser comprovados, só esses mesmos juízes que detém o poder decidiram que não precisa de validação, porque a palavra deles basta! Se a palavra deles basta, só me resta fazer o que fiz: jogar meu titulo de eleitor na privada e puxar a descarga, afinal desde os 70 eu estava liberado de votar, mas sistematicamente fui a todas as eleições colocar o meu “sufrágio” na urna que é inviolável, segundo esses mesmos os juízes.
Eles decidiram quem deveria ganhar a eleição, portanto de que adianta eu portar um documento se a vontade foi, e ao que tudo indica continuará sendo deles? Ora, então eles que decidam quem deve governar o Brasil sem a necessidade dessa fancaria que chamaram de eleição!
Alguns amigos dirão que o que estou fazendo com este artigo é choro de perdedor, como se fosse um Fla X Flu ou um Atletiba, não é! É algo muito maior. Não se trata do Bozo ou do Pinóquio da Silva, estamos falando do Brasil e do seu, do meu, do nosso futuro. Se é que teremos algum.
Já é possível observar a recaída do Estadão, da CNN, da Band e daqui a pouco da própria Folha de São Paulo, o governo inflou novamente, 37 ministérios, isso, no mês passado era chamado de compra de votos.
Observem também o que o Pinóquio tem dito coisas que se fosse o Bozo estaria sendo esfolado pelo Consórcio de Imprensa o qual, diga-se de passagem, ajudou descaradamente para que chegássemos ao ponto em que estamos hoje, com um presidente da República condenado em quatro instâncias. Sinal de que “eLes” podem tudo.
Hiram Souza é empresário, marketeiro de longa data, aos 80 anos de jornada o que permite ter uma janela holística para o mundo. Com leve humor escreve sobre assuntos ligados à política, comportamento, educação e brasilidade
Foto: Thgusstavo Santana